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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Sangue novo (e negro)

Apresentando um dos promissores álbuns de estreia de 2005, os Editors são um quarteto britânico de Birmingham que, à semelhança de outras bandas recentes, utiliza como matriz da sua sonoridade traços herdados de referências new wave/pós-punk, devendo muito a nomes como os Joy Division ou os Echo & the Bunnymen.


“The Back Room” expõe inequívocas aproximações a esses influentes grupos, embora as canções do disco não sejam por isso datadas ou derivativas, uma vez que os Editors evitam o decalque e geram um conjunto de onze composições suficientemente genuínas e pessoais.

Contendo nebulosas atmosferas marcadas por alguma negritude e amargura, o disco é uma sólida proposta de indie rock intenso e envolvente, que apesar de pontuais tonalidades nostálgicas se aproxima também de domínios semelhantes aos dos Bloc Party e, sobretudo, dos Interpol, com os quais a banda é muitas vezes comparada (analogia que faz sentido, dada a proximidade das vozes e dos ambientes, ainda que os Editors sejam mais do que um sucedâneo dos nova-iorquinos que fizeram “Antics”).

Eficaz em momentos de descarga como o irresistível single “Bullets”, o igualmente frenético e dançável “Blood” ou o muito catchy “Munich” (mais um óbvio e belo single), o quarteto revela-se igualmente coeso em episódios mais apaziguados e lentos, casos de “Fall” ou “Camera” (este um dos melhores temas do álbum, cujos ambientes não andam longe da vertente mais gótica de uns Smashing Pumpkins), originando uma das boas surpresas do ano, capaz de disseminar uma inebriante carga soturna e outonal que, por detrás das brumas, consegue oferecer pontuais estilhaços de esperança e optimismo.

“The Back Room” ainda não é o grande disco que os Editors sugerem ser capazes de criar, mas as suas canções simultaneamente densas e apelativas, que assentam numa escrita e voz com personalidade e entrega, tornam-no num cartão de visita mais do que satisfatório. Um bom começo e um projecto a seguir e ouvir.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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