A CASA DE CAMPO
Filmes de terror portugueses não são propriamente algo que se encontre regularmente nas salas, antes pelo contrário, por isso “Coisa Ruim”, de Tiago Guedes e Frederico Serra – dupla com experiência na realização de anúncios publicitários, telefilmes e curtas-metragens – é um objecto que suscitava alguma curiosidade, uma vez que é uma das raras experiências nacionais com ligações a esse género.
A acção alicerça-se numa família lisboeta que se muda para uma pequena aldeia do interior, passando a habitar um velho casarão herdado pelo pai.
Se a maioria do agregado familiar não fica muito entusiasmada com o mais recente lar, excepto a figura paterna, que impulsionou a mudança, a simpatia com o novo local de residência reduz-se ainda mais quando este começa a ser marcado por estranhos e inquietantes acontecimentos. Aos poucos, os três filhos do casal vão tomando contacto com intrigantes visões ou com a audição de perturbantes ruídos, situação que afectará, também, os seus progenitores.
A acção alicerça-se numa família lisboeta que se muda para uma pequena aldeia do interior, passando a habitar um velho casarão herdado pelo pai.
Se a maioria do agregado familiar não fica muito entusiasmada com o mais recente lar, excepto a figura paterna, que impulsionou a mudança, a simpatia com o novo local de residência reduz-se ainda mais quando este começa a ser marcado por estranhos e inquietantes acontecimentos. Aos poucos, os três filhos do casal vão tomando contacto com intrigantes visões ou com a audição de perturbantes ruídos, situação que afectará, também, os seus progenitores.
Embora a premissa da casa assombrada esteja longe de ser uma novidade enquanto elemento central de um filme de terror, “Coisa Ruim” consegue ultrapassar essa limitação ao assentar num argumento (escrito por Rodrigo Guedes de Carvalho) que não se preocupa somente em catalizar sustos e reviravoltas, mas principalmente em apresentar uma interessante perspectiva acerca dos mistérios, boatos, medos, lendas e costumes presentes nos interstícios de algum Portugal rural.
Questionando sobretudo os conflitos entre a razão e a crença ou a superstição, o filme não descura a esfera emocional das suas personagens, não as usando apenas como meros joguetes mas modelando-as enquanto figuras palpáveis e credíveis, perturbadas por dúvidas e receios bem humanos.
Neste aspecto, a direcção de actores é uma óbvia mais-valia, já que o elenco é bastante coeso e empenhado, algo que infelizmente coloca em causa muitas películas nacionais. Manuela Couto, no papel da mãe, oferece uma subtil e envolvente interpretação, e Adriano Luz, que encarna o pai, ou Afonso Pimentel, o filho mais velho, são também exemplo de um profissionalismo merecedor de elogios.
Rigoroso na construção do argumento ou na gestão do elenco, “Coisa Ruim” não o é menos na concepção visual, apostando numa realização fluida e segura, onde os hábeis enquadramentos são fulcrais para que as atmosferas sejam desenhadas de forma tão absorvente. O minucioso trabalho de iluminação ou as texturas da fotografia são outros complementos essenciais, evidenciando um sólido cuidado estético que nunca cai no exibicionismo.
“Coisa Ruim” acaba por não ser tanto uma história de terror mas antes um drama familiar, pontuado por algum suspense e bizarria, em que as personagens se debatem com fantasmas internos e externos. É certo que há por aqui paralelismos com obras de, entre outros, M. Night Shyamalan (nos silêncios carregados de tensão, no ritmo pausado) ou Alejandro Amenábar (notam-se ecos de “Os Outros”), mas o filme encontra um espaço seu ao focar um imaginário tipicamente português, abordado com competência e sentido atmosférico.
Pena o óbvio e apressado desenlace, cujo esoterismo exagerado o aproxima mais dos histéricos e pouco imaginativos exemplos de um certo estilo de terror norte-americano do que do desenvolvimento inteligente e sensato – e com espaço para a ambiguidade - que “Coisa Ruim” adopta durante a maior parte da sua duração.
Questionando sobretudo os conflitos entre a razão e a crença ou a superstição, o filme não descura a esfera emocional das suas personagens, não as usando apenas como meros joguetes mas modelando-as enquanto figuras palpáveis e credíveis, perturbadas por dúvidas e receios bem humanos.
Neste aspecto, a direcção de actores é uma óbvia mais-valia, já que o elenco é bastante coeso e empenhado, algo que infelizmente coloca em causa muitas películas nacionais. Manuela Couto, no papel da mãe, oferece uma subtil e envolvente interpretação, e Adriano Luz, que encarna o pai, ou Afonso Pimentel, o filho mais velho, são também exemplo de um profissionalismo merecedor de elogios.
Rigoroso na construção do argumento ou na gestão do elenco, “Coisa Ruim” não o é menos na concepção visual, apostando numa realização fluida e segura, onde os hábeis enquadramentos são fulcrais para que as atmosferas sejam desenhadas de forma tão absorvente. O minucioso trabalho de iluminação ou as texturas da fotografia são outros complementos essenciais, evidenciando um sólido cuidado estético que nunca cai no exibicionismo.
“Coisa Ruim” acaba por não ser tanto uma história de terror mas antes um drama familiar, pontuado por algum suspense e bizarria, em que as personagens se debatem com fantasmas internos e externos. É certo que há por aqui paralelismos com obras de, entre outros, M. Night Shyamalan (nos silêncios carregados de tensão, no ritmo pausado) ou Alejandro Amenábar (notam-se ecos de “Os Outros”), mas o filme encontra um espaço seu ao focar um imaginário tipicamente português, abordado com competência e sentido atmosférico.
Pena o óbvio e apressado desenlace, cujo esoterismo exagerado o aproxima mais dos histéricos e pouco imaginativos exemplos de um certo estilo de terror norte-americano do que do desenvolvimento inteligente e sensato – e com espaço para a ambiguidade - que “Coisa Ruim” adopta durante a maior parte da sua duração.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM