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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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SINAIS

Proposta de suspense com toques de (ligeiro) terror sobrenatural, "As Pragas" (The Reaping) começa de forma interessante ao sugerir um debate entre a religião e a ciência, temática já muito explorada mas que ainda potencia questões intrigantes. Neste caso, o motivo é a investigação de uma professora universitária que tenta descobrir a origem de estranhos acontecimentos que atormentam uma pequena cidade do Louisiana e que os habitantes locais defendem estarem relacionados com as dez pragas bíblicas do Egipto.

A ideia, não sendo original, revela-se bem aproveitada durante a parte inicial do filme, suportando uma narrativa razoavelmente enigmática e onde nem o espectador nem as personagens sabem quais as razões da origem dos atípicos acontecimentos.

Hilary Swank consegue dar credibilidade à protagonista, apresentando mais um desempenho seguro, e a relação que mantém com Idris Elba, que encarna o seu colega de trabalho, é bem desenvolvida, não só pela distinta percepção que ambos têm das supostas pragas - ela virou costas à fé e apoia-se somente em provas científicas, ele é crente - mas ainda pelo forte companheirismo que os une apesar dessas diferenças.

Os problemas surgem quando a relativa ambiguidade que marca o arranque do filme dá lugar a sucessões de cenas previsíveis e a uma abordagem superficial e tendenciosa dos temas em causa. A recta final, então, é totalmente desprovida de subtileza e oferece uma dispensável pirotecnia de efeitos especiais pouco convincentes, opondo-se ao equilíbrio visual que caracterizou "As Pragas" durante grande parte dos momentos anteriores.

O passado da personagem de Swank, vincado pela morte do marido e da filha que lhe despoletou a perda da fé, poderia ser um elemento catalisador de densidade mas apenas proporciona a instalação de lugares-comuns quando o argumento opta, a certa altura, por apostar mais em reviravoltas pouco surpreendentes do que no aprofundamento da carga dramática.
Stephen Hopkins, cuja filmografia se aproxima das duas décadas e tem como maior destaque a direcção de alguns episódios da série televisiva "24", ainda não apresenta aqui um filme que fique para a história, já que "As Pragas" se contenta em ser um produto formatado e descartável, embora competente, em vez do memorável mergulho em questões religiosas e científicas que alguns dos seus momentos sugerem.


E O VEREDICTO É:
2/5 - RAZOÁVEL

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