O FANTASMA APAIXONADO
Quando, em 2000, “O Fantasma” chegou às salas de cinema, deu a conhecer um universo com tanto de particular como de controverso de um dos novos realizadores portugueses, João Pedro Rodrigues.
Alvo de apaixonados elogios e, simultaneamente, de acesos repúdios por parte da crítica, foi capaz de projectar o nome do cineasta a nível internacional e gerar expectativa para o seu trabalho futuro, que se revela agora em “Odete”, a sua segunda e aguardada longa-metragem.
Novamente ambientado em cenários urbanos, o filme é um visceral retrato da solidão e da obsessão, partindo de um quotidiano aparentemente reconhecível mas que se vai transfigurando aos poucos, desenvolvendo atmosferas contaminadas por um realismo cortante onde se vai evidenciando, também, uma considerável bizarria e estranheza.
Alvo de apaixonados elogios e, simultaneamente, de acesos repúdios por parte da crítica, foi capaz de projectar o nome do cineasta a nível internacional e gerar expectativa para o seu trabalho futuro, que se revela agora em “Odete”, a sua segunda e aguardada longa-metragem.
Novamente ambientado em cenários urbanos, o filme é um visceral retrato da solidão e da obsessão, partindo de um quotidiano aparentemente reconhecível mas que se vai transfigurando aos poucos, desenvolvendo atmosferas contaminadas por um realismo cortante onde se vai evidenciando, também, uma considerável bizarria e estranheza.
A morte de um jovem, Pedro, potencia a aproximação do seu ex-namorado, Rui, e de Odete, uma empregada de um supermercado.
Se Rui se deixa envolver numa espiral descendente, não sabendo como reagir à abrupta perda e adoptando um comportamento desregrado, Odete também não fica imune à morte do seu vizinho e revela que está grávida deste, vendo assim satisfeito o seu desejo de ter um filho, o único que alicerça a sua existência.
Arriscado e inquietante, “Odete” mergulha nos domínios mais extremos e inóspitos do âmago humano, centrando-se em duas personagens alienadas e à beira do abismo que testam os seus próprios limites.
Tal como em “O Fantasma”, percorre-se aqui uma parte de Lisboa que raramente é focada no cinema nacional, uma vez que João Pedro Rodrigues foca a melancolia e obscuridade de alguns domínios nocturnos, evidenciando sobretudo retratos relacionados com a cultura gay ou locais de culto, que acolhem e perpetuam a solidão e inadaptação dos protagonistas.
O filme envereda por terreno ardiloso mas consegue manter uma difícil coerência e nunca chega a cair no ridículo, pois embora o sugira a espaços o rumo das personagens é plausível, ainda que desconcertante e insólito.
Os desempenhos dos actores ajudam, já que Ana Cristina de Oliveira não poderia estar mais afastada da imagem de modelo que a celebrizou, encarnando uma Odete simultaneamente letárgica e obstinada, e Nuno Gil, apesar de um pouco menos convincente em alguns diálogos, cumpre no papel de um jovem amargurado que se refugia nos resquícios de um desejo e hedonismo lúgubres.
À semelhança do seu antecessor, “Odete” é uma obra que dificilmente deixará alguém indiferente e que não gerará consensos, mas confirma João Pedro Rodrigues como um nome a seguir e é o melhor filme português desde “Noite Escura”, de João Canijo, apontando novos caminhos para o cinema nacional. Venham mais…
Se Rui se deixa envolver numa espiral descendente, não sabendo como reagir à abrupta perda e adoptando um comportamento desregrado, Odete também não fica imune à morte do seu vizinho e revela que está grávida deste, vendo assim satisfeito o seu desejo de ter um filho, o único que alicerça a sua existência.
Arriscado e inquietante, “Odete” mergulha nos domínios mais extremos e inóspitos do âmago humano, centrando-se em duas personagens alienadas e à beira do abismo que testam os seus próprios limites.
Tal como em “O Fantasma”, percorre-se aqui uma parte de Lisboa que raramente é focada no cinema nacional, uma vez que João Pedro Rodrigues foca a melancolia e obscuridade de alguns domínios nocturnos, evidenciando sobretudo retratos relacionados com a cultura gay ou locais de culto, que acolhem e perpetuam a solidão e inadaptação dos protagonistas.
O filme envereda por terreno ardiloso mas consegue manter uma difícil coerência e nunca chega a cair no ridículo, pois embora o sugira a espaços o rumo das personagens é plausível, ainda que desconcertante e insólito.
Os desempenhos dos actores ajudam, já que Ana Cristina de Oliveira não poderia estar mais afastada da imagem de modelo que a celebrizou, encarnando uma Odete simultaneamente letárgica e obstinada, e Nuno Gil, apesar de um pouco menos convincente em alguns diálogos, cumpre no papel de um jovem amargurado que se refugia nos resquícios de um desejo e hedonismo lúgubres.
À semelhança do seu antecessor, “Odete” é uma obra que dificilmente deixará alguém indiferente e que não gerará consensos, mas confirma João Pedro Rodrigues como um nome a seguir e é o melhor filme português desde “Noite Escura”, de João Canijo, apontando novos caminhos para o cinema nacional. Venham mais…
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM