Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Techno minimal numa noite especial

Na madrugada de hoje, a discoteca Lux, em Lisboa, teve uma sessão de Halloween diferente ao acolher Gui Boratto, produtor, compositor e DJ brasileiro cuja música não podia estar mais distante do cardápio sonoro habitual no dia das bruxas.

Não que isso tenha sido uma condicionante, pelo contrário, já que não foram poucos os que quiseram dançar ao som de "Chromophobia", o disco de estreia do músico, gerando uma enchente impressionante e longas filas à porta do espaço, onde mesmo durante a actuação muitos aguardavam ainda a entrada.

Um dos nomes mais fortes da Kompakt, editora alemã que tem dado cartas na área da música de dança, em particular do techno minimal, Gui Boratto conta já com 10 anos de percurso como produtor, durante os quais colaborou com figuras tão diferentes como Manu Chao, Chico Buarque, Des'ree ou Garth Brooks.
Esses trabalhos pouco ou nada têm a ver, contudo, com os que faz hoje, alicerçados numa electrónica engenhosa e subtil, simultaneamente dançável e contemplativa, recheada de pormenores mas com um apelo melódico directo.
Singles como "Arquipélago" ou "Like You", assim como remisturas para temas da banda-sonora do filme "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, concederam-lhe uma aura de respeito que o disco de estreia consolidou, sendo uma das edições mais entusiasmantes do ano.

No set que apresentou nesta madrugada, Boratto voltou a demonstrar os seus méritos em cerca de duas horas onde desfilaram não só composições de "Chromophobia" mas também algumas dos EPs que lançou antes.

Ao vivo a maioria dos temas adquiriu uma vertente mais funcional e por vezes abrasiva do que o que pode ouvir-se nos discos, onde o apelo dançável surgiu mais pronunciado e o techno nem sempre foi minimal, optando a espaços por um maior dinamismo e aceleração. Esta opção impediu que o alinhamento fosse tão ecléctico como o do álbum de estreia do DJ, uma vez que não incluiu, por exemplo, nenhum dos episódios de tons mais ambientais, embora no geral Boratto tenha dado uma prova de eficácia, sabendo como animar a expectante multidão que preenchia toda a pista de dança e que não parou enquanto as canções se foram sucedendo.

Não por acaso, as de "Chromophobia" foram que resultaram melhor, recebidas com recorrentes aplausos e gritos, em especial a mecânica e incisiva "Gate 7" ou a reluzente "Beautiful Life", um dos raros casos que se desviou do techno para se aproximar das fronteiras de uma pop encantatória e imediata.

Suficientemente hipnótico e pulsante, este set de Gui Boratto contribuiu para reforçar o estatuto de rapaz-prodígio que muitos lhe têm concedido, dando bons motivos para que os seus passos continuem a ser acompanhados pois o melhor ainda poderá estar para vir.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

4 comentários

Comentar post