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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

ESTREIAS DA SEMANA - 18 A 24 DE NOVEMBRO

"Imortal", "2046", "O Novo Diário de Bridget Jones", "RRRrrrr!!!", "Na Sombra de Um Rapto" e "Anacondas: Em Busca da Orquídea Maldita" são os novos filmes em cartaz esta semana.


"Imortal" (Immortel (ad vitam)) é uma aventura futurista realizada por Enki Bilal e inspira-se na trilogia de banda-desenhada criada pelo próprio: "A Feira dos Imortais", de 1980, "A Mulher Enigma", de 1991 e "Frio Equador", de 1994. Desenrolando-se numa Nova Iorque quase irreconhecível, esta história de ficção científica inclui criaturas mutantes, deuses e humanos entre a sua singular galeria de personagens, mesclando estilos que vão desde o filme de acção ao film-noir.

"2046" é o sucessor do muito elogiado "Disponível Para Amar" e funciona como uma sequela ou remix deste, onde Wong Kar-Wai apresenta um olhar sobre o amor e conturbadas relações humanas. Tal como o seu antecessor, "2046" centra-se no escritor Chow Mo Wan e explora as suas múltiplas experiências amorosas, construindo um ambiente de forte romantismo e alguma desolação. Com um universo visual criativo e singular, o mais recente filme de Wong Kar-Wai é um romance retro-futurista e uma das estreias mais aguardadas do final de 2004. Tony Leung, Maggie Cheung, Zhang Ziyi, Faye Wong e Gong Li são alguns dos nomes do elenco.


"O Novo Diário de Bridget Jones" (Bridget Jones: The Edge of Reason) é a nova adaptação ao grande ecrã das peripécias da trintona britânica. Depois de um aparente final feliz em "O Diário de Bridget Jones", dirigido por Sharon Maguire em 2001, a personagem interpretada por Renée Zellweger volta a enfrentar problemas amorosos e períodos de insegurança constante. Hugh Grant e Colin Firth, presentes no primeiro filme, regressam para acompanhar a protagonista. Esta popular comédia romântica, baseada no igualmente mediático livro de Helen Fielding, é realizada por Beeban Kidron.


"RRRrrrr!!!" assinala o regresso do realizador de "Astérix & Obélix: Missão Cleópatra" e apresenta uma aventura situada em ambientes pré-históricos. Combinando comédia e thriller, este filme de Alain Chabat foca o confronto de duas tribos que tentam descobrir o autor de um inesperado homicídio, o primeiro crime da história da humanidade. O elenco inclui Gérard Depardieu, Jean-Paul Rouve, Marina Foïs e Damien Jouillerot, entre outros.


"Na Sombra de um Rapto" (The Clearing), de Pieter Jan Brugge, retrata o rapto de um homem bem-sucedido (Robert Redford) por um indivíduo aparentemente vulgar (William Dafoe). O elenco desta obra de suspense contém ainda Helen Mirren e Alessandro Nivola.


"Anacondas: Em Busca da Orquídea Maldita" (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid) é a sequela de "Anaconda" e debruça-se sobre as aventuras de um grupo de exploradores numa selva que procuram uma incomum orquídea, capaz de retardar o envelhecimento. Dwight H. Little realiza.

UMA HISTÓRIA SIMPLES

Baseado num caso real, "Terminal de Aeroporto" (The Terminal) narra a curiosa situação que envolve a chegada de Viktor Navorski (um convincente Tom Hanks), oriundo de um país do Leste Europeu, ao aeroporto JFK. Quando chega, Navorski apercebe-se que o seu país deixou de existir devido a uma conturbada guerra civil e, por isso, o seu passaporte é considerado inválido. Encontrando-se numa inusitada situação, o viajante é impedido de entrar nos EUA e acaba por se instalar, aos poucos, no terminal de aeroporto, fazendo desse espaço o seu novo lar improvisado.

Embora se inspire numa experiência verídica, o filme de Spielberg está mais próximo de uma fábula urbana do que de um drama realista, expondo algumas das marcas registadas do realizador. Apesar do caso de Navorski ser preocupante, o realizador opta sempre pelo optimismo e supremacia dos bons sentimentos, que permitem que o protagonista vá superando os entraves e adversidades. À medida que o filme decorre, essa vertente idealista (utópica?) e esperançosa intensifica-se cada vez mais, o que poderá causar arrepios aos espectadores mais cépticos (e encorajá-los a rotular, novamente, Spielberg como um cineasta "piegas" e "bem-comportado"). Mesmo assim, "Terminal de Aeroporto" desenrola-se com considerável fluidez e raramente se torna cansativo, sendo um filme agradável de acompanhar e seguir.

Por detrás da aparente simplicidade e leveza do argumento - a história centra-se nas peripécias que Navorski vive ao tentar subsistir no terminal - há algumas chamadas de atenção para a contraproducente burocracia das sociedades contemporâneas, apelos à quebra da intolerância e da xenofobia e uma tentativa de caracterização dos EUA como nação aglutinadora de povos e culturas. Pelo meio, privilegiam-se valores nobres como a justiça e a amizade e há ainda espaço para reflexões acerca da figura paterna (elementos intrínsecos às obras do realizador).

O filme mistura drama e comédia (romântica), alternado momentos melancólicos - o desenraizamento e procura de um lar, a solidão ou as falhas de comunicação geradas pelas diferenças culturais - com episódios mais espirituosos e reluzentes - a construção de laços de amizade, as recompensas resultantes de boas acções e a (re)descoberta do amor.

Não sendo uma obra particularmente surpreendente, "Terminal de Aeroporto" oferece diversos bons momentos e destaca-se como uma das películas mais refrescantes e lúdicas do ano, conciliando o entretenimento escapista com a discussão de temáticas actuais e incontornáveis nos dias de hoje.

O filme possui aspectos pouco conseguidos (a demasiado rápida adaptação de Navorski, a vertente caricatural das personagens secundárias, a previsibilidade do final) mas compensa-os ao apresentar também alguns dos pontos fortes do realizador (excelente realização, boa direcção de actores, emotividade genuína ou a sólida banda-sonora de John Williams).

Embora o cinismo tenha vontade de vir ao de cima a espaços, Spielberg proporciona uma bem-conseguida obra que consegue fazer-nos depositar alguma fé no american dream. "Terminal de Aeroporto" não representa um regresso aos grandes momentos do cineasta - fica uns degraus abaixo da sua última obra-prima, "Relatório Minoritário" -, mas não deixa de ser um dos estimáveis títulos cinematográficos de 2004.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM