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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

HAPPY BLOGDAY!

E pronto, conforme prometido, aqui fica a lista de cinco blogs que recomendo neste BlogDay. Não foi uma escolha fácil, e estes não são necessariamente os meus preferidos, mas tive em conta a relevância dos conteúdos, assim como a forma como são abordados, a frequência da actualização e a regularidade com que visito os blogs. Muitos mais teria para recomendar, e não é difícil saber quais (basta dar uma espreitadela aos links do lado direito)... Assim sendo, escolho estes:
Cine7: Ok, sou suspeito por recomendar este porque faço parte da equipa de colaboradores, mas quem procurar um blog que foque o cinema nos mais variados estilos e épocas tem aqui uma proposta apropriada e com novas críticas quase todos os dias...
Cinema Xunga 2: Também sobre cinema, mas diferente da maioria dos blogs que focam esta temática. Devido ao estilo das sarcástico das críticas, arrisca-se a ser um blog que ou se ama ou se odeia, mas consegue ser diferente, divertido e perspicaz, com um viciante humor negro...
Coisas do Puto e do Tipo: Um dos primeiros blogs sobre música que conheci, e um dos mais fiáveis, com críticas sucintas mas directas e sem a carga de hermetismo que mina muitos outros dedicados à temática...
Port Moresby: Ecléctico e actual, debruça-se sobre várias temáticas, sendo o cinema, a música e a literatura as mais focadas. Nem sempre concordo com as opiniões da equipa (sobretudo quanto às recomendações musicais), mas há sempre algo meritório a descobrir por aqui...
The Tracker: Relativamente recente, mas já bastante recomendável, oferece interessantes sugestões sobre as artes, em especial sobre música, e tem uma frequência de actualizações impressionante, já que apresenta novidades quase todos os dias...
Mais sugestões? Podem ver as listas de todos os participantes aqui.

THE EMINEM SHOW

Muitas vezes - demasiadas, até -, quando músicos apostam em experiências enquanto actores, os resultados deixam a desejar e não são mais do que tentativas embaraçosas de prolongar o seu carisma num território que não se revela o seu.
Nos últimos anos, figuras da pop como Whitney Houston, Britney Spears, Mariah Carey ou Madonna, entre outras, tentaram a sua sorte na sétima arte, mas nenhuma foi especialmente convincente.

Em "8 Mile", de 2002, foi a vez do rapper Eminem complementar o seu percurso musical com um projecto no grande ecrã, mas ao contrário dos casos anteriores, apresentou não só um desempenho seguro mas também um filme acima da média.

Inspirada em certos elementos da vida do cantor - embora não se saiba exactamente até que ponto -, a película desenrola-se nos subúrbios de Detroit e oferece um interessante olhar sobre o desencanto de uma juventude sem perspectivas viáveis e com poucos modelos e referências, vivendo um quotidiano rotineiro e pouco estimulante.

Jimmy Smith Jr, mais conhecido como Rabbit, é um desses jovens, que para além de problemas familiares enfrenta outros dilemas como a precariedade do trabalho (é operário numa fábrica local) ou conflitos com gangs.
Uma das poucas coisas que o inspira e encoraja é a música, particularmente o hip-hop, linguagem que em tudo se relaciona com a tensão urbana com que contacta diariamente. Entre os seus objectivos, Rabbit persegue com mais obstinação o de se tornar num músico reconhecido e respeitado, e "8 Mile" foca as contrariedades com que terá que se debater ao lutar por essa ambição.

Mais um filme sobre um self-made man? Sim e não. Se, por um lado, "8 Mile" não se desvia muito de uma linha clássica tipicamente norte-americana sobre a ascensão - ou, pelo menos, um triunfo moderado - de um jovem envolto em situações hostis, também é verdade que esse percurso é apresentado de forma realista q.b., não se tornando num filme formatado e muito menos em mais uma moralista história edificante.

O mérito, para além de Eminem, que surpreende com uma interpretação credível e sentida, é sobretudo de Curtis Hanson, realizador desigual - aclamado por "L.A. Confidential" ou "Wonder Boys - Prodígios", contudo não tão recomendável em "Influência Fatal" ou "Rio Selvagem" -, mas que aqui se encontra inspirado e sabe que rumo dar ao filme.

O trabalho de realização de Hanson, discreto e astuto, consegue injectar uma considerável aura realista, retratando os espaços urbanos de forma suja e crua mas estranhamente envolvente.
Igualmente determinante para a notável definição de ambientes é a hipnótica fotografia de Rodrigo Prieto, sem dúvida uma das mais impressionantes do cinema de hoje cuja qualidade também pode ser atestada em obras como "A Última Hora", de Spike Lee, ou "Amor Cão" e "21 Gramas", de Alejandro Gonzalez Iñarritu.

"8 Mile" é uma película sóbria, que não tenta ser mais do que aquilo que é, preocupando-se em oferecer uma boa história bem contada.
Essa ambição moderada assenta-lhe bem, pois assim perdoam-se alguns elementos menos conseguidos, como o tratamento algo superficial das personagens secundárias (apesar de boas prestações de Kim Basinger, Brittany Murphy e da maioria do restante elenco) e a previsibilidade que o argumento não consegue evitar a espaços.

"8 Mile" não é um filme particularmente inovador, mas contém um protagonista com algum magnetismo e um curioso - e poucas vezes visto no cinema - olhar sobre a cultura hip-hop, propondo uma interessante perspectiva sobre o crescimento, a família, a violência, a amizade e a alvorada da idade adulta. Não é revolucionário, mas tem muito mais do que seria de esperar...

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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