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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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O DESPERTAR DAS MEMÓRIAS

Estreia de Omar Naïm na realização, “The Final Cut – A Última Memória” desenrola-se numa sociedade futurista marcada por novas descobertas tecnológicas, sendo uma delas um chip que é instalado no cérebro à nascença e que regista todos os momentos da vida de um ser humano, gravando as suas memórias. Estas recordações digitalizadas serão a base para a criação de vídeos após a morte daqueles que tiveram o chip incorporado, vídeos esses que são editados por especialistas e exibidos nos funerais.

Esta ideia daria para gerar um filme entusiasmante, pois fornece material suficiente para discutir questões éticas relacionadas com o direito à privacidade ou com a morte, mas o “The Final Cut – A Última Memória” não assenta tanto neste conceito e envereda antes por territórios do thriller, explorados de forma rotineira e pouco imaginativa, desperdiçando assim o considerável potencial da sua premissa.

Para além de um bom ponto de partida, a película de Omar Naïm conta também com actores talentosos, mas também estes são subaproveitados. Robin Williams, o protagonista, não é especialmente interessante no papel de um solitário editor de memórias que descobre uma marcante imagem ligada ao seu passado (a milhas da ambiguidade e complexidade da sua interpretação em “Câmara Indiscreta”, de Mark Romanek); Mira Sorvino tem uma presença demasiado discreta e uma personagem fraca para defender; e Jim Caviezel oferece um desempenho competente mas o argumento não o deixa fazer mais.

Assim, “The Final Cut – A Última Memória” está longe de ser uma primeira obra promissora, uma vez que Naïm não consegue proporcionar uma narrativa coesa e intrigante que poderia ter tornado este projecto num grande filme, tendo em conta que aborda o tema da memória, capaz de originar resultados absorventes (como “O Despertar da Mente”, de Michel Gondry; “Memento”, de Chris Nolan; ou “Pago Para Esquecer”, de John Woo, por exemplo).
O que resta é uma película insípida e monótona, incapaz de surpreender e desprovida de qualquer tensão dramática, que se vê sem esforço mas que dificilmente gerará boas memórias...

E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL