QUANDO O FIM É O INÍCIO
Depois de ter sido, durante anos, a voz de uma das bandas mais emblemáticas da década de 90, Billy Corgan formou os Zwan após a dissolução dos Smashing Pumpkins, mas a curta vida desse novo projecto fez com que o cantor/compositor apostasse finalmente num álbum a solo, “TheFutureEmbrace”, um dos mais aguardados de 2005.
Com um percurso musical já considerável, Corgan estreia-se aqui numa nova etapa e o ponto de partida é suficientemente promissor, uma vez que o seu disco concentra uma série de canções sólidas que vão de encontro ao estilo e referências do músico.
Billy Corgan apresenta em “TheFutureEmbrace” uma interessante mistura de rock electrónico, atmosferas industriais e góticos e alguns momentos marcados pela dream pop. Estas sonoridades não lhe são estranhas, pois “Adore” continha já estes elementos, embora fossem trabalhados de forma diferente e até mais ambiciosa, e aqui revelam-se novamente interessantes e bem exploradas.
Entre ecos dos New Order, The Cure, Nine Inch Nails ou Gary Numan, as canções oferecem cativantes ambientes onde a presença dos sintetizadores se nota mais do que a das guitarras, gerando uma aura intimista e geralmente tranquila, que não chega a atingir a intensidade emocional de “Adore” (e já chega de comparações com esse álbum) mas é ainda bastante satisfatória.
Dos tons electropop do contagiante single “Walking Shade” à introspecção apaziguada de “The CameraEye”, passando pela carga melancólica de “Sorrows (In Blue) ou “ToLoveSomebody” (uma inesperada, mas conseguida, cover dos Bee Gees), ou ainda por pontuais episódios de efervescência como os muito bons “A1000” ou “Mina Loy (M.O.H.)” (o melhor momento do disco), “TheFutureEmbrace” não traz surpreendentes doses de novidades mas atesta a singularidade da voz e da escrita de Billy Corgan, que se confirma como um nome capaz de proporcionar boas canções.
Poderá dizer-se que o cantor/compositor já fez melhor e que talvez já tenha vivido a fase áurea da sua carreira – um pouco à semelhança do que acontece com Trent Reznor em “With Teeth” -, mas se continuar a oferecer discos tão escorreitos e apelativos como este (e concertos como aquele que inaugurou a sua digressão a solo, na Aula Magna), continuará a ser um músico a seguir com atenção, mesmo não sendo uma prioridade…
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM