Parece que esta ideia pegou e que é para repetir, por isso nada como criar um blog para futuras efemérides. Aceitam-se sugestões gastronómicas e musicais aqui. Bloggers, unite!!!
À partida, um filme sobre a operação de resgate de mais de 500 soldados americanos aprisionados num campo de concentração japonês, em Cabanatuan, nas Fipinas, durante o final da II Guerra Mundial, poderia fazer de “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’”(The Great Raid) mais um concentrado de nacionalismo exacerbado e com enjoativas doses de maniqueísmo, elementos que vitimam alguns filmes de guerra made in USA (o exemplo mais gritante dos últimos tempos talvez seja o incontornável “Pearl Harbour”, de Michael Bay).
É com agrado que se verifica, no entanto, que a mais recente película de John Dahl não segue um caminho assim tão óbvio e simplista, pois embora seja uma homenagem aos soldados americanos que viveram esta missão – tanto os da 6ª Armada como os que foram por estes libertados – nunca cai em golpes dramáticos ou ideológicos fáceis nem tenta ilibar responsabilidades aos EUA, proporcionando um retrato sério que não tenta manipular o espectador. Há algumas limitações no desenvolvimento das personagens japonesas, mais caricaturais do que as norte-americanas, mas esse ponto fraco acaba por não debilitar muito o filme, uma vez que a perspectiva em que Dahl se centra é a dos “soldados fantasma” (assim denominados uma vez que esta operação, apesar de verídica, é desconhecida por muitos).
“O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” segue os acontecimentos de três experiências distintas: a do Tenente Mucci (Benjamin Bratt) e do Capitão Prince (James Franco), que lideram a missão de salvamento; a do Major Gibson (Joseph Fiennes) e dos outros prisioneiros; e a da amante deste, Margaret Utinsky (Connie Nielsen), uma enfermeira norte-americana que, juntamente com alguns aliados da resistência filipina, fornece medicamentos aos soldados em cativeiro.
Dahl compensa em consistência aquilo que não oferece em originalidade, apresentando uma obra escorreita e segura, protagonizada por um elenco que, não sendo excepcional, é suficientemente sólido e empenhado e consegue fazer com que as personagens ganhem alma. Particularmente interessante é a relação amorosa do par Fiennes/Nielsen, misto de distância e obstinação, assente num romantismo “à moda antiga” e cujo rumo permanece uma incógnita até ao final.
Embora ultrapasse as duas horas de duração, “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” raramente aposta em cenas dispensáveis e coordena com eficácia as três linhas narrativas que acabam por se interligar num explosivo desenlace carregado de suspense e adrenalina (contrastando com a maioria dos momentos anteriores, mais sóbrios e pausados).
John Dahl não acrescenta muito ao género – como também não acrescentava à série B on the road no anterior “Não Brinques com Estranhos”, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos - mas gera uma película honesta e pertinente, que cumpre com distinção aquilo a que se propõe e que mesmo marcada por algum academismo resulta numa obra entusiasmante e acima da média.