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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

MR. E MRS. HUNT

Depois das adaptações para cinema a cargo de Brian DePalma e John Woo, o realizador escolhido para "Missão: Impossível 3" (Mission: Impossible III), terceiro filme inspirado na mítica série televisiva, foi alguém que iniciou precisamente o percurso no pequeno ecrã e que testa agora terittórios da sétima arte, J. J. Abrams.
Responsável por dois duas das mais aclamadas produções televisivas do momento - as séries "A Vingadora" e, sobretudo, "Perdidos" -, Abrams trouxe nova vida a narrativas vincadas pelo suspense, espionagem e acção, o que à partida fazia dele uma opção promissora para se ocupar de um filme destes.

Contudo, por vezes até no melhor pano cai a nódoa, e a estreia do realizador nas longas-metragens está longe de ser tão auspiciosa como a sua experiência televisiva. Não que "Missão: Impossível 3" seja desastroso, apenas não acrescenta nada de novo nem ao cinema nem à série, limitando-se a seguir, com competência mas sem chama, um formato por demais visto em tantas outras películas de acção.

Há tentativas de mudança, é certo, entre as quais o esforço numa maior humanização do protagonista Ethan Hunt ou a inclusão dos seus colegas de equipa (embora a série televisiva se centrasse num grupo, os dois filmes anteriores ignoraram esse facto).

Estas alterações são, no entanto, muito ténues, uma vez que a personagem principal se mantém tão genérica como antes, já que o facto de ter uma relação amorosa que lhe concede automaticamente maior densidade emocional. Quanto aos elementos da equipa, são ainda menos desenvolvidos, pois Abrams usa-os como meros gadgets do argumento.

O que se aproveita são mesmo as quase sempre eficazes e pontualmente emocionantes sequências de acção, onde o realizador mostra que no departamento de explosões, riscos e perseguições consegue gerar momentos de efervescente energia cinética sem enveredar por irritantes exercícios de pirotecnia balofa nem enjoativos tremeliques da câmara.

Se isso bastar, então "Missão: Impossível 3" nem funciona enquanto má proposta de entretenimento pipoqueiro e livre de pretensões, mas não deixa de ser uma pena vê-lo desperdiçar actores como Laurence Fishburne e Jonathan Rhys-Meyers (aqui transformados em bonecos sem alma) ou Philip Seymour Hoffman (que compõe um vilão interessante mas com escasso tempo de antena).

O protagonismo volta a ser dado a um Tom Cruise igual a si próprio, exemplar nas cenas de maior dinamismo mas que, para além disso, se limita a viver uma básica e forçada história de amor com uma indistinta Michelle Monaghan.

Enfim, tendo em conta a baixa fasquia da maioria da concorrência dentro do género, o filme cumpre, mas a julgar pelos nomes envolvidos esperava-se mais do que uma mediania bem oleada porém pouco substancial.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

ESTREIA DA SEMANA: "FINAIS FELIZES"

Desdobrando-se entre a comédia e o drama, "Finais Felizes" (Happy Endings) é uma crónica urbana sobre várias e díspares relações humanas, e segue três histórias onde o amor e as novas famílias se interligam. Don Roos ("O Oposto de Sexo", "Bounce - Um Acaso com Sentido") ocupa-se da realização, mas o maior destaque vai mesmo para o elenco, onde constam nomes como Lisa Kudrow, Laura Dern, Steve Coogan, Maggie Gyllenhaal ou Jesse Bradford.

Outras estreias:

"A Honra do Dragão", de Prachya Pinkaew
"Assombrados - Uma História Americana", de Courtney Solomon
"Diários da Bósnia", de Joaquim Sapinho
"Edison", de David J. Burke
"Pular a Cerca", de Tim Johnson e Karey Kirkpatrick
"Tara Road - Vidas Trocadas", de Gillies MacKinnon
"Tristão e Isolda", de Kevin Reynolds