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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

FEBRE (E FUNK) DE SÁBADO À NOITE

Embora já tivessem passado por palcos portugueses mais de uma vez, os londrinos Spektrum ainda não o haviam feito depois do lançamento do seu segundo álbum, "Fun at the Gymkhana Club", editado no final do ano passado. A estreia ao vivo do novo disco deu-se na noite de sábado no MusicBox, em Lisboa, espaço que tem recebido alguns nomes da música urbana de dentro e fora de portas.

O quarteto, que em palco se apresentou como trio, uma vez que o teclista esteve ausente, gerou já algum culto por cá, como o confirmou considerável adesão de público ao concerto, que encheu o espaço muito antes da banda entrar em palco. A entrada, à semelhança de outros momentos do espectáculo, foi efusiva, ao som dos dinâmicos "May Day" e "Horny Pony", curiosamente os dois primeiros temas do novo álbum. Propostas que evidenciam bem a receita sonora dos Spektrum, um híbrido imprevisível de funk, pop, electro e soul servido com um ritmo hipnótico, mescla por vezes difícil de assimilar mas dominada por uma vibração desconcertante.

Em disco, as propostas do grupo nem sempre entusiasmam, já ao vivo o contágio sonoro mostra-se mais eficaz e a espaços mesmo fulminante e irresistível, a que não é alheio o carisma da vocalista Lola Olafisoye, cuja postura ora austera ora insinuante toma as rédeas do espectáculo e incita a que o público reproduza a sua pose irriquieta. As suas vocalizações, temperadas por tons oscilantes e desregrados, geram uma aura excêntrica e em certos momentos quase mística, que associada à electrónica minimal e à cadência intrigante da bateria dota a música dos Spektrum de uma bizarra energia.

Apesar deste carácter singular da banda, o concerto foi algo desequilibrado, pois se as canções combinam múltiplas referências não deixam de acusar uma certa repetição de ideias - que se comprova mesmo no segundo álbum, que pouco ou nada corta em relação ao primeiro -, e por vezes prolongam-se para além do necessário, sugerindo alguma redundância.

No entanto, quando o grupo acertou, não deu tréguas a ninguém, como o comprovaram ocasionais episódios de explosão rítmica visíveis em "Don't Be Shy", um dos singles de "Fun at the Gymkhana Club", e principalmente em "Kinda New", uma das recuperações do disco de estreia, "Enter the... Spektrum", que gerou o maior acesso dançável entre a audiência e acendeu o rastilho para uma experiência sensorial imbatível. Também "Freefall", outra canção do primeiro álbum, causou estragos no muito aplaudido encore, infelizmente a última de um concerto que, embora eficaz e convincente, foi demasiado curto, não atingindo sequer uma hora de duração.
Mesmo assim, a julgar pelas reacções da maioria dos presentes ao longo do concerto, terão sido poucos ou nenhuns os que deram o seu tempo por perdido, o que leva a crer que os Spektrum continuarão a ter casa cheia da próxima vez que voltarem a palcos nacionais.


E O VEREDICTO É:
3/5 - BOM

Spektrum - "Don't Be Shy"

SPACE CAKE IS A FAKE

Visita-relâmpago à capital holandesa, onde ainda deu para estar duas tardes às voltas entre as ruas e os canais. O tráfego de bicicletas é ainda maior do que pensava, o que praticamente só traz vantagens - económicas, ambientais, na circulação pela cidade -, embora a própria morfologia de Amesterdão também ajude, uma vez que não tem grandes declives . Sistema de transportes públicos eficiente, tanto de metro como sobretudo de tram (metro de superfície, que vai a quase todo o lado), preços menos exorbitantes do que noutras capitais europeias (os dos CDs e DVDs, então, são de meter inveja, e tirando as novidades são muito mais baratos do que os de cá), e ambiente aparentemente seguro q.b., a julgar pelas bicicletas à disposição na maioria das ruas, muitas sem cadeados. Não convém é fotografar o inevitável Red Light Discrict, sob pena de se ser atirado ao canal por alguns locais mais impacientes, segundo me disseram dois polícias à paisana. A revisitar com mais tempo...