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Caracterizado por atmosferas doces, sedutoras e luminosas, “We Can Create” consegue um saudável equilíbrio entre minimalismo e grandiosidade, fruto de um design sonoro apurado e preciso, evidenciando que Chapman é um das boas revelações oriundas de domínios brit.
Os temas movem-se entre a dream pop de Maximillian Hecker, o travo shoegaze dos Chapterhouse e o corta-e-cola cenográfico de Four Tet, incorporando ainda uma carga contemplativa próxima das paisagens de Ulrich Schnauss ou da placidez cristalina dos Sigur Rós (cujo produtor, Valgeir Sigurdsson, colaborou no disco).
A construção de ambientes é envolvente e gera belos episódios oníricos como “Elouise” (um dos melhores do ano) ou “You Don’t Know Her Name”, mas percorrendo o álbum parte do encanto que emana dos momentos iniciais acaba por se perder, já que “We Can Create” é mais bonito do que arriscado.
Mesmo não tendo temas fracos, ganharia se apostasse num maior contraste de camadas, acentuando a sujidade das paredes de som que se entrecruzam e, assim, injectando maiores doses de surpresa a uma sucessão de canções demasiado confortáveis, que quando ouvidas de seguida arriscam-se a funcionar enquanto (muito) agradável som de fundo em vez de composições que justificam maior atenção.
Além desta homogeneidade excessiva, também ainda não se acentua aqui uma marca pessoal que distinga muito Maps de outros projectos comparáveis, o que não chega a comprometer, contudo, que “We Can Create” figure entre as boas surpresas de 2007, contendo algumas das pérolas pop mais uplifting e convidativas dos últimos tempos. Uma bela promessa a confirmar.
Maps - "It Will Find You"