Obrigado ao Knoxville (do Cinema Notebook), ao Kraak (do Kraak FM) e também à Ana Campino e ao Luís Mendonça (do CINEdrio) pela referência ao gonn1000 nas suas listas dos Prémios Dardos, cujo propósito é distinguir 15 blogs que cada blogger segue diariamente e passar o mesmo desafio aos contemplados.
Como costumo visitar mais a escolha não foi fácil, até porque poderia incluir muitos outros da lista de links ali ao lado, mas deixo aqui alguns dos que acompanho com maior atenção (e cujo critério mais forte para a selecção final foi o ritmo de actualizações):
E já agora, aproveito para agradecer também ao Knoxville pela inclusão do gonn1000 na lista de nomeados para os Globos de Prata 2008, na categoria de Melhor Blogue de Cinema/TV - cuja votação está a decorrer no Cinema Notebook.
Não actuavam em Portugal há três anos, altura em que estiveram no Centro Cultural de Belém, mas a julgar pelo concerto de sábado na Aula Magna o tempo nem parece ter passado pelos Mercury Rev, dadas as semelhanças entre os dois espectáculos.
É certo que em 2005 a banda veio apresentar "The Secret Migration" e que agora trouxe consigo dois novos álbuns editados há poucas semanas, "Snowflake Midnight" e "Strange Attractor" (registo de instrumentais disponível gratuitamente no site do grupo), embora tanto numa actuação como noutra os momentos de maior impacto não foram tanto as canções novas mas as de "Deserter's Songs".
Afinal, foi este o disco que há dez anos levou o projecto a um público mais alargado e é ainda, para muitos, a sua obra-prima, figurando frequentemente entre os mais aclamados exemplos de rock alternativo da década passada.
O próprio vocalista, Jonathan Donahue, admite que quando canta temas como "Holes" ou "Tonite it Shows" a reacção dos espectadores é peculiar, e a noite de ontem comprovou a química que se gera nesses momentos de placidez e intimismo.
Ainda assim, seria injusto não reconhecer méritos noutros episódios de um alinhamento que pouco teve a ver com esta cenografia sóbria e elegante, enveredando antes por um psicadelismo e intensidade mais de acordo com os primeiros dias da banda (inícios dos anos 90) ou com um dos novos álbuns, "Snowflake Midnight".
"Dream of a Young Girl as a Flower" ou "Snowflake In A Hotworld" foram, de resto, consistentes exemplos de um rock majestoso, atmosférico e expansivo, cruzamentos intrigantes de melodia e distorção que comprovaram a boa forma dos cinco músicos em palco.
Os ambientes envolventes começaram logo antes do concerto, com "Lorelei" dos Cocteau Twins, canção que acompanhou uma sucessão de capas de discos - de Bob Dylan, Nick Cave ou Elliott Smith - no ecrã ao fundo do palco, tal como já havia ocorrido no espectáculo do CCB.
E também à semelhança dessa actuação, o facto da sala ter apenas cerca de metade da lotação não demoveu nem a entrega da banda nem a regular - ainda que discreta - adesão do público.
Donahue, quase sempre com um sorriso de orelha a orelha, foi parco em palavras mas raras foram as ocasiões em que não manteve uma postura teatral, encarando cada canção como um feitiço e adoptando gestos a rigor num palco nebuloso - desde aproximações a exorcismos a esbracejares que imitavam o voo dos pássaros do ecrã.
As imagens que por lá passaram nem sempre ajudaram, contudo, uma vez que andaram muito perto de um misticismo de pacotilha e embaraços new age. Nada de novo no percurso da banda - basta atentar à capa de "The Secret Migration" ou, mais uma vez, ao concerto do CCB -, mas não havia necessidade de um desfile de raias, tartarugas, pombinhas ou bebés no ecrã, capazes de deitar a perder parte da beleza das viagens sónicas ou do belo trabalho de iluminação.
O mesmo é válido para as frases que intercalaram essas imagens, não muito distantes das de um livro de auto-ajuda ou de títulos de romances de Nicholas Sparks.
Estes pormenores, aliados ao falsete nem sempre sedutor de Donahue ou a um alinhamento de interesse desigual, impediram que o todo fosse tão inebriante como algumas partes - com destaque inevitável para a belíssima "Tides of the Moon", que sozinha valeu por muitos concertos -, ainda que o balanço de quase duas horas praticamente sem pausas entre os temas seja positivo.
Ou mesmo um espectáculo de sonho, como o terá sido para os muitos que aplaudiram de pé no encore, a confirmar que embora os Mercury Rev possam ter já passado pela sua fase áurea não deixam de ser um nome confiável, pelo menos em palco.