Os melhores de 2008: discos
1 - "Velocifero", Ladytron
Ao quatro disco, os Ladytron confirmam-se entre os mais confiáveis criadores de pop electrónica da década. O antecessor, "Witching Hour", continua a ser a obra-prima do quarteto de Liverpool, mas "Velocifero" revela-se mais intrigante pelo reforço das guitarras e percussão, assim como de uma carga gótica que sugere novos caminhos a acompanhar.
2 - "Crystal Castles", Crystal Castles
Os EPs eram promissores e o disco não desiludiu. Numa das estreias mais surpreendentes do ano, a dupla canadiana oferece um hipnótico caldeirão de influências, tão intempestivo quanto sedutor, onde a voz mutante de Alice Glass se entrecruza com as imaginativas texturas servidas por Ethan Kath. Ao vivo, o caos é ainda maior.
3 - "Kleerup", Kleerup
Saindo dos bastidores e assinando um disco em nome próprio, o produtor sueco Andreas Kleerup conta contudo com óptimas companhias. As conterrâneas Neneh Cherry, Lykke Li ou Robyn são apenas algumas de um belo conjunto de canções de electrónica simples, contemplativa e sempre envolvente que merecia maior atenção.
4 - "In Ghost Colours", Cut Copy
Há quatro anos, poucos foram os que repararam no seu álbum de estreia. Em compensação, o sucessor é presença obrigatória em várias listas de melhores do ano, tornando os Cut Copy nos porta-estandartes oficiais da nova (electro)pop australiana. Quando quase todos os temas dariam um (bom) single, percebe-se porquê.
5 - "Fireproof", Dawn Landes
Quase um segredo bem guardado entre as novas cantautoras norte-americanas, Dawn Landes apresenta no seu primeiro álbum uma mistura discreta, sensível e equilibrada entre folk e indie pop. Não marca pela novidade, mas a consistência do alinhamento é assinalável.
6 - "Couples", The Long Blondes
De um single viciante como "Century" à claustrofobia de "Round the Hairpin", passando pela urgência de "Here Comes the Serious Bit", "Couples" mostra os britânicos Long Blondes em boa forma. A presença de Erol Alkan na produção é evidente mas é a vocalista Kate Jackson quem dá alma à energia pós-punk destas canções.
7 - "The Smallest Acts of Kindness", Anne Clark
Quando outras figuras femininas da pop dos anos 80 regressaram em discos eficazes e alvo de atenção - como Grace Jones ou Cyndi Lauper -, o de Anne Clark passou ao lado de muitos embora se afirma como o mais interessante. Mais acústico do que se esperaria, não deixa de manifestar a intensidade habitual da sua autora em algumas grandes canções como "Full Moon" ou "If".
8 - "Apocalypso", The Presets
Juntamente com os Cut Copy, foram os maiores responsáveis pelo regresso da Austrália ao mapa musical em 2008. Mas em "Apocalypso" a pop é mais negra, desesperada e abrasiva, ainda que nunca deixe de ser dançável e gere mesmo alguns singles de excepção em "My People" ou "This Boy's in Love".
9 - "Midnight Boom", The Kills
Menos homogéneo e derivativo dos que os discos anteriores da dupla, "Midnight Boom" é o mais refrescante álbum dos Kills. O minimalismo mantém-se e não é imune a uma carga mais imediata que em nada compromete a coesão de um conjunto de canções com personalidade e aspereza q.b..
10 - "Last Night", Moby
O mais interessante disco de Moby desde "Play", "Last Night" pretende ser um regresso às noites dançantes de Nova Iorque dos anos 80 - e resulta. Desavergonhadamente kitsch, com vozes de divas duvidosas entre batidas datadas, a sucessão de refrões pegajosos só pára nas faixas finais, mais atmosféricas.
Mesmo não tendo sido um ano pródigo em álbuns marcantes - pelo menos para mim -, em 2008 não faltaram boas edições. Por isso, ficam aqui mais dez:
11 - "Reality Check", The Teenagers
12 - "Santogold", Santogold
13 - "Saturdays = Youth", M83
14 - "Vantage Point", dEUS
15 - "Partie Traumatic", Black Kids
16 - "This Gift", Sons and Daughters
17 - "Youth Novels", Lykke Li
18 - "Holiday", Alaska in Winter
19 - "Intimacy", Bloc Party
20 - "Donkey", Cansei de Ser Sexy