"Ulysses" é o primeiro single do terceiro (e muito aguardado) álbum dos Franz Ferdinand, "Tonight: Franz Ferdinand", que se espera mais interessante do que o antecessor, "You Could Have It So Much Better", e deverá ser editado no final do mês.
O videoclip da canção, que mostra o quarteto escocês em modo noctívago, fica aqui:
O início da noite não foi muito promissor. Enquanto interpretaram canções como "As Unhas" ou "Balada do Encore", os Feromona não obtiveram grande atenção de parte do público que então estava no Maxime (ou ia chegando), mais entretido com copos e cumprimentos.
Foi preciso chegar a "Conversa de Cama", o próximo single da banda - o segundo de "Uma Vida a Direito", o álbum de estreia do grupo cujo download pode ser feito ngratuitamente no seusite- para que a maioria dos presentes concentrasse atenções no trio lisboeta que já animava o palco e os espectadores mais próximos cinco ou seis canções antes.
Mesmo assim esse momento foi uma excepção, pois no tema seguinte, que o vocalista/guitarrista Diego Armés apresentou a solo - "a Cinderella fica a trabalhar enquanto as irmãs descansam", gracejou -, muitos dos presentes aproveitaram para voltar a colocar a conversa em dia.
Depois desta meia hora, o grupo fez um pequeno intervalo e voltou para uma actuação com a intensidade que o aquecimento raramente ofereceu.
Não só o volume do som aumentou (abafando algum ruído que vinha do bar) como o alinhamento concentrou aí os melhores momentos de "Uma Vida a Direito", caso da vertiginosa sequência que disparou "Animal", "Mánif" (em versão um pouco mais musculada do que no disco) e "Bisturi" (cujo refrão levou algum público a entoar a expressão-chave "é consequência do teu mau comportamento").
Canções como estas demonstram que a clássica combinação de guitarra, bateria e baixo, quando bem feita, continua a ser mais do que suficiente para um concerto convincente e por vezes visceral, como o foi em "Psicologia", single incendiário e não por acaso um dos episódios de maior adesão da noite - deixando muitos a cantar ou a dançar contra as "doenças portáteis que se apoderam das cabeças mais modernas em alturas mais voláteis".
Mas além de temas do disco, a actuação arranjou espaço para alguns mais antigos - como "Desalento" - e dois inéditos - "Assassina" e "O Amor Como nos Filmes".
Tanto uns como outros voltaram a demonstrar as qualidades de composição e interpretação da banda, já que aliam letras que de facto têm algo a dizer (por vezes próximas de territórios de Jorge Palma ou dos Ornatos Violeta) com uma coesão instrumental que nos momentos mais explosivos lembra boas referências do rock alternativo norte-americano de inícios de 90 (como os Sebadoh, de quem já fizeram uma versão).
"Latina Woman" foi um bom exemplo e um dos raros momentos em que o grupo opta pelo inglês, fechando o concerto em alta antes de um não menos efusivo encore e imediatamente depois de uma revisitação de "Budapeste", dos Mão Morta.
E após dois terços de uma actuação tão consistente, ficou claro que não é só a capital húngara que conta com (boas) "noites de rock n' roll".