"Without You I'm Nothing" (1998) já era um grande disco, mas o terceiro álbum dos Placebo conseguiu elevar ainda mais a fasquia e continua a ser a obra-prima do trio.
Muito longe do desgaste dos registos mais recentes, aqui as canções mostram-se mais negras e sedutoras do que nunca, tanto as que permanecem fiéis aos modelos dos primeiros dias como as que acolhem saudáveis contaminações electrónicas (que nunca roubam o protagonismo às guitarras).
Ecléctico mas coeso, "Black Market Music" ancora-se, tal como os antecessores, na densidade (e ambiguidade) lírica e interpretativa de Brian Molko, aqui menos colada a influências (assumidas) e mais capaz de definir um rumo próprio e intrigante. Perderia esse encanto poucos álbuns depois, é certo, mas aqui mantém-se ainda muito aconselhável.
Ao recordar a música de dança criada nesta década, torna-se obrigatório fazer referência a alguns nomes do techno minimal, subgénero que teve uma considerável disseminação nos últimos anos.
A Pantha du Prince, por exemplo, ou não tenha o projecto do alemão Hendrik Weber oferecido algumas das melhores propostas de electrónica com tanto de cerebral como de cinético.
"Florac", do seu segundo (e mais consistente) álbum, é uma boa prova das suas capacidades - e também um dos muitos instrumentais hipnóticos que resulta tão bem numa pista de dança como num cenário mais tranquilo:
A relação amorosa entre dois rapazes, um judeu e um muçulmano, está no centro daquele que é ainda o filme mais recente de Eytan Fox.
Alternando a acção entre Israel e a Palestina, o filme segue o quotidiano de quatro amigos - dando maior ênfase ao do par protagonista - e gera um drama arrebatador temperado com alguns oportunos (e essenciais) momentos de humor.
Capaz de juntar personagens palpáveis (e com as quais é fácil estabelecer empatia) a uma narrativa com uma tensão em crescendo, "The Bubble" é uma daquelas obras inesquecíveis que, vá-se lá saber porquê, nunca teve direito a estreia nas salas nacionais. E também por isso, é das que não merecem ser esquecidas na revisitação do melhor dos últimos dez anos. Comentário mais aprofundado sobre o filme aqui.
As boas festas deste ano aqui no blog são dadas pelos Smashing Pumpkins, em particular pela canção "Christmastime" - devidamente acompanhada pelo videoclip (não oficial) protagonizado por Little Billy. Feliz Natal!
Aparentemente um projecto de um álbum só, a colaboração de Jimmy Tamborello (Dntel, Figurine) e Ben Gibbard (Death Cab for Cutie) foi das que deixou mais saudades ao longo desta década.
Belíssima colecção de canções, o disco dos Postal Service propôs uma pop electrónica frágil e intimista, mas com um apelo dançável irrecusável e uma combinação perfeita de melancolia, euforia e esperança - e com uma frescura sem paralelo nos restantes projectos dos músicos. Mais sobre o álbum aqui.