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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Estreia da semana: "A Princesa e o Sapo"

 

Numa altura em que a animação por computador revela prodígios técnicos cada vez mais apurados, uma obra como "A Princesa e o Sapo", que assinala o regresso da Disney ao desenho à mão, poderá parecer modesta para quem espera grandes inovações a cada novo filme.

 

Curiosamente, o melhor desta nova colaboração de John Musker e Ron Clements (realizadores responsáveis por "A Pequena Sereia" e "Aladdin") é mesmo a vertente visual, longe de revolucionária (nem precisa de o ser) mas com um cuidado e brilho como há muito não se via num filme dos estúdios.

 

A atmosfera de Nova Orleães, local onde decorre a acção (pouco depois da I Guerra Mundial), respira vida, energia e cor, e a fértil paleta cromática atinge o auge nos números musicais, que mesmo sem superarem a inspiração de alguns clássicos da casa nunca são menos do que cativantes  (Rob Marshall bem podia tirar umas notas para um eventual sucessor de "Nove").

 

É pena que o fulgor visual não tenha correspondência no argumento, sobretudo quando este deixa a protagonista transformada em sapo durante grande parte do filme - especialmente lamentável já que, na sua forma humana, esta princesa é das mais carismáticas da Disney. 

E o obrigatório vilão, que quando introduzido também não parece ter falta de carisma, acaba por ser pouco explorado, não deixando muitas saudades como um parente pobre de Jaffar.

 

Em compensação "A Princesa e o Sapo" tem boas personagens secundárias, gags felizes, um grande coração e não se poupa a alguns riscos (visíveis, por exemplo, no destino de um dos ajudantes do casal protagonista). E se ainda não é desta que a Disney volta a fazer um filme ao nível dos melhores, pelo menos prova que vai valendo a pena continuar à espera.

 

 

Outras estreias:

 

"Homens que Matam Cabras só com o Olhar", de Grant Heslov

"Tudo Pode Dar Certo", de Woody Allen

 

 

e-Cinema: A Disney de volta à animação tradicional

 

Uma mulher sob influência

 

Há dois filmes em "Ghosted". Um concentra-se na história de amor entre Sophie, uma artista multimédia alemã, e Ai-ling, uma taiwanesa que emigra para Hamburgo em busca de pistas do seu passado.

O outro lida com a vida de Sophie após a morte abrupta de Ai-ling (cujo motivo permanece uma incógnita quase até ao final) e com os seus contactos com outra taiwanesa, que tenta entrevistá-la para uma publicação - e aqui esta obra de Monika Treut aproxima-se mais do thriller sobrenatural do que da crónica conjugal.

 

Intercaladas através de recorrentes flashbacks, estas duas linhas narrativas são muitas vezes intrigantes mas não chegam a construir um todo particularmente seguro.

"Ghosted" resulta bem quando incide nos episódios domésticos do casal protagonista, onde apesar dos contrastes culturais terem influência a homossexualidade não é tratada como um tema - abordagem rara e refrescante.

 

Infelizmente, quando aposta numa atmosfera de mistério (de tom fantasmagórico, embora sóbrio) o filme não se mostra tão convincente, lançando algumas pistas interessantes para acabar por desapontar num desenlace mal resolvido.

Fica a relativa originalidade da proposta e, ainda assim, a curiosidade em conhecer mais títulos de Monika Treut, autora com uma longa obra centrada essencialmente na mulher e na sexualidade.

 

 

"Ghosted" é um dos filmes da programação da 7ª edição da KINO - Mostra de cinema de expressão alemã de Lisboa