O clube da esquina
Gerhard Klein, como realizador, e Wolfgang Kohlhaase, como argumentista, foram dois nomes fortes do cinema da Alemanha Oriental e autores de uma série de títulos conhecida como Berlin Films - alguns deles banidos nas décadas de 50 e 60.
"Berlim – Esquina Schönhauser" é um dos mais emblemáticos e daqueles que se tornou num objecto de culto, sendo muitas vezes considerado um dos melhores retratos da juventude alemã do pós-2ª Guerra Mundial.
O local que dá título ao filme era o ponto de encontro de adolescentes rebeldes e contestatários, e Klein e Kohlhaase centram-se em especial no quotidiano de quatro deles: Dieter, orfão, vive com o irmão e trabalha na construção civil; Ângela, a sua namorada, é costureira e tem uma relação atribulada com a sua mãe, viúva; Kohle, o mais imaturo e optimista, tenta esquecer as agressões do padrasto através do escapismo do cinema americano; e Karl-Heinz deixa de ser o adolescente modelo de uma família abastada quando se envolve em negócios obscuros.
Com um olhar crítico mas nem por isso maniqueísta, "Berlim – Esquina Schönhauser" espelha bem os contrastes entre o presente e o passado ou a Alemanha Ocidental e Oriental, elementos que marcam inevitavelmente o dia-a-dia dos jovens protagonistas - com reflexo na descoberta de uma bomba perto de uma estação de comboio ou na sedução de uma noite clandestina de jazz.
Além deste fosso geracional, histórico e cultural bem desenhado, o filme tem a seu favor a entrega de todo o elenco e a realização hábil e fluída de Klein, com a cereja em cima do bolo servida por uma soberba fotografia a preto e branco. Uma bela descoberta, portanto.
"Berlim – Esquina Schönhauser" é um dos filmes em exibição na 7ª edição da KINO - Mostra de cinema de expressão alemã de Lisboa