Quem é aquela mulher?
Os thrillers não são novidade para Phillip Noyce, que ao longo da sua considerável filmografia (iniciada em finais da década de 70) tem trabalhado o género.
Em algumas ocasiões o realizador australiano saiu-se razoavelmente bem ("Calma de Morte" ou "A Vedação", embora este não fosse propriamente um thriller), noutras nem por isso ("O Coleccionador de Ossos" ou "Invasão de Privacidade").
"Salt", o seu novo filme, pode juntar-se aos primeiros casos, servindo uma história de espionagem que, sem acrescentar nada de novo, resulta num exercício de suspense e acção capaz de manter o interesse ao longo de hora e meia.
Angelina Jolie, aqui mais Jason Bourne do que James Bond, extravasa a sua aura enigmática numa personagem cuja ambiguidade é o motor do filme. Noyce agradece filmando-a em boas sequências de acção (perceptíveis e sem tiques de videoclip frenético) que, contudo, pecam por não só esticarem como ultrapassarem (e de que maneira) os limites da plausibilidade.
De qualquer forma o jogo do gato e do rato funciona e algumas reviravoltas inevitáveis também, ainda que "Salt" dê quase sempre prioridade à carga cinética e não tanto à densidade que a sua protagonista tenta emanar. E assim Noyce adiciona à sua obra um thriller por vezes eficientíssimo mas que, em última instância, acaba por ser só mais um.