Noite de estreias

Foi mais um showcase do que um concerto - 35 minutos souberam a pouco -, mas passando ao lado da curta duração, a estreia de Glasser em Portugal, no Musicbox, em Lisboa, não deixou grandes motivos para reclamações.
Com o ainda fresco "Mirrorage" (2010) a preencher todo o alinhamento, o projecto da norte-americana Cameron Mesirow defendeu bem esse primeiro álbum numa actuação que passou por ritmos tribais ("Apply"), dream pop da melhor colheita ("Plane Temp") ou até ocasionais contactos com música oriental ("Glad").
Em vez da dispersão, a mistura de condimentos assegurou um resultado coerente, capaz de lembrar Björk, School of Seven Bells ou Telepathe mas a deixar evidente o recanto seguro - e promissor - de Glasser.
Partilhando o palco com um percussionista, que tratou também das texturas electrónicas, Mesirow manteve-se entre o transe e a dança com excentricidade q.b. e uma simpatia tímida. E mostrou ainda, no encore, que a sua voz sobrevive muito bem sem elementos adicionais, num encore onde interpretou, a capella, uma canção tradicional britânica.
Já a primeira parte contou, infelizmente, com um tremendo erro de casting. Drawlings, projecto a solo de Abigail Portner, irmã de um elemento dos Animal Collective, moveu-se por alguns ambientes sonoros comparáveis mas sem o mesmo fulgor. A vertente instrumental, pontualmente curiosa, não chegou para compensar a fragilidade da composição e, sobretudo, da interpretação, com uma voz que não aguentou os altos voos a que se propôs. Desafinar parece ter sido o lema da maioria dos temas e, a julgar por esta amostra, seria preferível que Portner se dedicasse apenas à criação de artwork para a banda do irmão.
Foto: TBDArts

