Corre Hanna corre
Em "Hanna", Joe Wright troca a placidez dos seus dramas de época - "Orgulho e Preconceito" e "Expiação" - por um thriller quase sempre trepidante e futurista q.b..
Infelizmente, ao contrário desses primeiros filmes, esta experiência no cinema de acção não convence. É certo que realizador britânico continua a ter fulgor visual para dar e vender - veja-se o plano-sequência com Eric Bana numa estação de metro, tão exibicionista quanto admirável - e a recrutar actores que quase justificam, por si só, o preço do bilhete - a sempre excelente Saoirse Ronan, como protagonista, e uma pérfida Cate Blanchett, na pele da vilã de serviço, merecem ser vistas.
Estes trunfos não compensam, mesmo assim, as personagens de cartolina (nem o imperdoável esquecimento de um grupo de secundários na recta final do filme), uma narrativa em que o estilo se sobrepõe à coerência (com direito a banda-sonora dos Chemical Brothers metida a martelo) ou um jogo do gato e do rato que, nos últimos minutos, parece querer testar os limites do ridículo, com algumas das sequências de perseguição mais toscas e forçadas do ano.
Espera-se que esta correria high-tech seja apenas passageira e que em breve Wright volte ao porto seguro - e bem mais estimulante - que o tornou numa das promessas recentes do cinema britânico. Ou que caso volte a correr, seja rumo a uma meta mais definida e satisfatória.