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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

O regresso do sueco misty

 

Sempre bem recebido por cá desde meados da década de 90, Jay-Jay Johanson contou com uma sala bem composta ao apresentar o seu novo disco, "Spellbound", no Centro Cultural Olga Cadaval, numa das últimas actuações do Sintra Misty.

 

O cantor sueco prometia um concerto mais acústico e minimalista do que alguns de ocasiões anteriores - condizente com o último álbum, portanto - e não terá levado ninguém ao engano na noite de ontem. De qualquer forma, seja num formato mais acústico ou mais electrónico, por esta altura já se sabe com o que contar num concerto seu: canções quase sempre monotemáticas (sobre o amor e, sobretudo, os seus dissabores), que conjugam elegância e melancolia e são cantadas por um crooner afável embora pouco tagarela. Mas se não se dirigiu muito ao público entre as canções, Johanson fez questão de sair do palco, no final, e distribuir apertos de mão pelos espectadores da primeira fila.

 

Acompanhado apenas por um pianista (e ocasional responsável pelos samplers) e tirando partido de contrastes de luz e sombra - reforçados por imagens a preto e branco com grandes planos de rostos projectadas no fundo do palco -, o cantor de "So Tell the Girls That I Am Back in Town" aproveitou para revisitar, além desse tema, mais alguns de discos anteriores. Por vezes não dispensou batidas de herança trip-hop, que marcaram os seus três primeiros álbuns e voltaram a fazer sentido em palco, noutros casos conseguiu despir as canções até chegar a um esqueleto de voz e piano - seguindo o travo jazzístico bem evidente em "Spellbound".

 

Ao longo de hora e meia, a sobriedade e beleza da actuação nunca chegaram a ser colocadas em causa, mas a redundância de ambientes e letras mostrou, sobretudo na segunda metade, as limitações que os discos de Jay-Jay Johanson sempre acusaram. Nada muito grave, mesmo assim, quando o alinhamento contou com momentos do gabarito de "She Doesn't Live Here Anymore", "Believe in Us", "She's Mine But I'm Not Hers", o recente "Dilemma" ou o já velhinho - mas ainda arrepiante - "I'm Older Now". E convenhamos que dificilmente haveria concerto mais apropriado para inaugurar, finalmente, a época Outono-Inverno...

 

 

Foto @Graziela Costa

 

 

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