Um jogo a meio gás
O melhor de "Moneyball - Jogada de Risco" é também, muito provavelmente, o que faz dele um dos filmes mais falados do momento: Brad Pitt. Já tinha sido assim, aliás, com "Capote", a obra anterior de Bennett Miller, carregada às costas pelo desempenho de Philip Seymour Hoffman. Se aí o realizador norte-americano tentava - e por vezes conseguia - fugir aos lugares comuns do biopic, desta vez aposta em contrariar os clichés dos filmes desportivos, partindo da história verídica de um manager de uma pequena equipa de basebol.
Reduzir "Moneyball - Jogada de Risco" a um filme sobre basebol seria injusto, não só porque a estratégia implementada pelo protagonista poderia aplicar-se a outros desportos (e não só), mas porque Miller se esforça por não limitar o protagonista à sua profissão. A tentativa é bem sucedida, já que o realizador encontrou em Brad Pitt um actor capaz de dar densidade, espontaneidade e humor a uma personagem de corpo inteiro, embora não chegue para salvar o filme.
Os secundários nunca vão além da caricatura - o que é pena quando Jonah Hill, um dos miúdos de "Super Baldas", prova que não se restringe à comédia e Philip Seymour Hoffman passa quase despercebido - e os longos, pormenorizados e recorrentes diálogos técnicos, se até começam por dar alguma força ao filme (uma das primeiras cenas, numa reunião, será irresistível para aspirantes a argumentistas), não demoram muito a torná-lo numa obra por vezes demasiado hermética, cerebral, mecânica... e aborrecida. Em alguns momentos, como as sequências do protagonista com a filha, as personagens - e o espectador - conseguem respirar, mas no geral "Moneyball - Jogada de Risco" acaba por ser um filme que, como muitos jogos, sairia a ganhar com um pouco mais de emoção e surpresa.