Chama-se Tusk, é o alter ego de Benjamin Teicher, cantor/produtor/bailarino australiano radicado na Alemanha, e tem dado que falar no underground berlinense, cruzando estéticas queer, sci-fi ou camp com traços da electrónica mais dançável.
Na imagem, sugere que passou os olhos por discos (e vídeos) dos one hit wonders Babylon Zoo (ainda há quem se lembre deles?), de Marilyn Manson (fase "Mechanical Animals") e dos Fischerspooner ou, claro, de David Bowie ("Labirinto", de Jim Henson, foi o filme que mais viu na infância, confessa).
Na música, salienta a inspiração da synth pop dos anos 80 e do trance dos 90s, com electro e chillwave pelo meio e influências que vão de Peter Gabriel aos Tears for Fears, de Kate Bush a... Corona (!) ou da postura do it yourself de nomes mais recentes como Grimes ou Washed Out.
"Sacrifice", o álbum de estreia, só chega em Novembro, mas parte dele deverá ser apresentado no concerto desta sexta-feira no Lounge, em Lisboa - de entrada livre, como é habitual no espaço -, uma boa oportunidade para perceber se as referências, intrigantes q.b., têm correspondência em canções à altura ou num caso com mais estilo do que substância.
Uma sugestão a ter em conta a partir das 23 horas de 24 de Agosto, numa noite onde actua ainda o berlinense Mez Medallion. Para já, ficam dois aperitivos - um vídeo ao vivo e o videoclip do primeiro single:
Pesadão, mecânico, sem alma... O final da trilogia de Batman segundo Christopher Nolan é um remate decepcionante, e bastante aborrecido, de uma saga até aqui bem conseguida (mesmo que por vezes sobrevalorizada). Não faltará quem defenda que, à semelhança do episódio anterior, "O Cavaleiro das Trevas Renasce" é "muito mais" do que um filme de super-heróis - como se ser "só" um filme de super-heróis o atirasse automaticamente para uma categoria inferior. E Nolan quer tanto ser tanta coisa para tanta gente que o filme acaba por não ser nada em especial - e nada de especial.
Enquanto entretenimento, há apostas recentes bem mais aliciantes dentro do género e sem vergonha nenhuma disso (falta muito para uma sequela d'"Os Vingadores"?). Em "O Cavaleiro das Trevas Renasce", o suposto entretenimento a que temos direito é um desfile de stunts de encher o olho, mas a milhas da subtileza expectável do universo de Batman. Quando tenta propor um filme "sério", Nolan perde-se em alusões à conjuntura política/económica actual mal aproveitadas por um argumento que, depois de arriscar alguma ambiguidade ao início, cai decididamente num maniqueísmo nada desafiante.
Com pouco para oferecer tendo em conta as quase três horas de duração, "O Cavaleiro das Trevas Renasce" vai desenvolvendo - e esticando - a sua trama através de diálogos quase sempre explicativos, muletas narrativas cuja banda sonora de Hans Zimmer tem a função de disfarçar. O modelo, de tão repetido (para não dizer omnipresente), chega a ser insuportável e a tensão que a música tenta injectar, muitas vezes sem critério, torna o filme quase tão caricatural como os de Joel Schumacher (mas uma caricatura sisuda, como faz questão de deixar claro).
Do elenco, à partida um dos mais invejáveis dos últimos tempos, pouco há a reter. Morgan Freeman, Liam Neeson, Marion Cotillard ou Gary Oldman passeiam-se sem muito para fazer, em esboços de personagens, e Tom Hardy serve um Bane que sabe a pouco depois de Joker ter roubado o filme anterior. De resto, Christian Bale é bom a fazer poses circunspectas ou carrancudas (nada que não soubéssemos já) e o peso emocional que Michael Caine tenta dar a Alfred parece pertencer a outro filme.
Se "O Cavaleiro das Trevas Renasce" não é uma total perda de tempo, não é tanto por algumas artimanhas narrativas de Nolan (como um indiferente twist na recta final), mas pela presença de Joseph Gordon-Levitt e Anne Hathaway. São eles (sobretudo ela, perfeita como Catwoman) que garantem os mínimos de espontaneidade, energia e garra a um blockbuster que, descontando o fenómeno, é só mais um.