Se os Glass Candy e os School of Seven Bells se juntassem para serem remisturados pelos Kraftwerk e Giorgio Moroder, o resultado talvez não andasse muito longe da música dos Soft Metals. O duo (e casal) de Ian Hicks e Patricia Hall editou há poucas semanas "Lenses", o seu segundo álbum, cuja viagem entre italo disco e synth pop dopada está longe de ser a música mais óbvia para dias de praia mas nem por isso deixa de fazer parte das boas surpresas deste Verão.
Entre atmosferas hipnóticas, ritmos repetitivos e uma voz feminina distante (que descansa em dois instrumentais especialmente valiosos), as canções não desiludem quem procura electrónica crepuscular e minimal para acompanhar a mudança de estação.
Mais frenético do que grande parte do alinhamento, o single "Tell Me" é uma espécie de negativo de "Celestica", dos Crystal Castles, mantendo as texturas esvoaçantes e reforçando mais o mistério do que a carga uplifting. A canção pode ouvir-se abaixo (no videoclip oficial, inspirado na capa do disco) e a seguir fica também uma recordação do álbum de estreia homónimo da dupla de Los Angeles, editado em 2011:
Com 23 faixas, dois discos e quase duas horas de música, "Calling from the Stars" está bem colocado na corrida a álbum mais ambicioso do ano. E além de ser o maior, é o melhor registo a solo de Miss Kittin, colaboradora muito requisitada que parece ter encontrado a sua voz. Escrevi sore o disco neste artigo do SAPO Música.
1 - Pegue no argumento de "Distrito 9" e agite-o antes de usar.
2 - Mantenha a atmosfera futurista, a favela (agora em Los Angeles em vez de Joanesburgo) e acrescente uma cidadela espacial (desta vez Hollywood é que paga, aproveite).
3 - Deite fora os aliens e concentre-se na luta dos pobres contra os ricos.
4 - Junte um herói de acção (Jason Bourne num cenário Mad Max, por exemplo) a uma actriz com pedigree (Jodie Foster cai bem, mas não a mace com muito trabalho), de forma a dar nível ao que poderia parecer um banal blockbuster.
5 - Substitua o pai e o filho alienígenas de "Distrito 9" por uma mãe e uma filha (latinas, de preferência, porque os pobres são todos latinos tirando o protagonista) e mantenha-as constantemente em perigo (não há tempo para muito mais, mas não se preocupe porque a filha é uma criança querida e ainda por cima em fase terminal).
6 - Alterne sequências de acção epilépticas (logo, mais "urgentes" e "realistas", mesmo que confusas) com algum slow motion e flashbacks (atenção: frases adaptadas de fortune cookies são um must).
7 - Polvilhe sobras de new age inspiradora nas cenas mais calmas e dubstep nos momentos mais mexidos (sim, daqui a mais de 100 anos os pobres vão ouvir dubstep na favela, por isso opte pelo mais barato embora possa dar-se ao luxo de usar um mais requintado).
8 - Disfarce as incongruências e coincidências com bonitos planos aéreos, robôs, mortes e sotaques.
9 - Faça questão de realçar que os ricos são todos más pessoas e gostam muito de estar na piscina (aliás, não há quase mais nada na tal cidadela espacial).
10 - Sirva para consumo rápido mas diga ao cliente, com orgulho, que "Elysium" sabe mais a metáfora do que a pipoca.