"Right Thoughts, Right Words, Right Action" não adianta nem atrasa em relação ao que conhecemos dos Franz Ferdinand. Quem já gostava dos escoceses terá alguns motivos para celebrar, os que nunca se juntaram à festa voltam, muito provavelmente, a ficar à porta. Junto-me aos primeiros e escrevi sobre o disco neste artigo do SAPO Música.
Wolverine pode dizer que é o melhor no que faz, mas a sua nova aventura no grande ecrã é mais modesta do que insuperável. O segundo filme dedicado ao mutante mais popular da Marvel (e arredores) nunca rasga a memória da história de BD que o inspirou (a mini-série de 1982 assinada por Chris Claremont, Frank Miller e Joe Rubinsten, basilar para a personagem) e também fica aquém dos (intrigantes) primeiros posters do que parecia um blockbuster de câmara.
Por outro lado, os trailers atiravam as expectativas lá para baixo e, nesse aspecto, "Wolverine" surpreende: não, esta adaptação está longe de ser o retrato definitivo de Logan, embora mostre um anti-herói com estofo para aguentar desafios em nome próprio no cinema. Hugh Jackman ajuda bastante, claro, e já nem precisava de dar mais provas - ao contrário do que poderá dizer-se de alguns colegas de equipa, é difícil imaginar outra figura na pele de Wolverine. James Mangold tira partido disso e dá espaço à personagem e ao actor, mesmo que o filme mantenha o problema habitual da saga mutante no grande ecrã: tem gente a mais e alguns antagonistas são redundantes. Ainda assim, há caras conhecidas da BD a transitar bem para a imagem real, com destaque para Mariko e Yukio - respectivamente interesse amoroso e sidekick -, dois nomes essenciais das histórias de Wolverine no Japão. E a própria cidade de Tóquio, sem chegar a impor-se como personagem, tem direito a um olhar menos redutor do que o de algumas outras perspectivas norte-americanas.
Atrás das câmaras, James Mangold não vai muito além de um ilustrador correcto das pistas da BD, logo quem esperar um blockbuster "de autor" sairá desiludido. A vantagem é que "Wolverine" respeita não só a matriz dos comics como a coerência do universo delineado por Bryan Singer - em "X-Men " e "X-Men 2" -, nunca colocada em causa pelos realizadores seguintes da saga mutante. Já não é pouco, tendo em conta que se traduz numa aventura com um protagonista forte e um ritmo seguro, capaz de conjugar momentos de introspecção (centrados na vulnerabilidade física e emocional de Logan), disparos de adrenalina (como a trepidante sequência de pancadaria em cima de um comboio-bala) e piscadelas de olho aos filmes anteriores (sobretudo pela revisitação oportuna de Jean Grey). Podia ser melhor, é certo, dado o material de base, mas ainda fica do lado bom da filmografia de Mangold (ou seja, o lado de "Walk the Line", "O Comboio das 3 e 10", "Vida Interrompida" ou "Cop Land - Zona Exclusiva") e, coisa rara neste Verão, propõe um blockbuster em que o humano (e às vezes o animal) conta mais do que as máquinas.