Fã dos Blur, ávido leitor de Douglas Coupland e recomendado por Neneh Cherry, Oscar junta a estes nomes pelo menos mais um que se impõe num contacto inicial com a sua música: Morrissey. Nas canções do EP "146b" e noutras que o britânico de 23 anos foi revelando, a voz de barítono dos Smiths parece ter aqui um descendente. Está longe de ser o primeiro (os Gene e mais algumas "glórias" esquecidas da britpop que o digam), mas embora Oscar Scheller também cante sobre os males do coração, raramente se leva muito a sério e ampara a melancolia em pequenos devaneios das palavras ou dos instrumentos.
Além de ser o título da sua primeira edição, "146b" é o nome do seu estúdio caseiro, em Londres, e temas como "Open Up" ou "Heartache", lo-fi mas orelhudos, soam fiéis a esse ambiente íntimo. O cantautor e multi-instrumentista tem dito que quis preservar a espontaneidade das demos, não fazendo grandes alterações a esses primeiros registos, e o resultado está longe de o envergonhar.
Os videoclips não traem o conceito e também têm um ar muito lá de casa. "Sometimes" é o novo e apresenta um single a lembrar os momentos mais descontraídos dos Strokes, mas a grande canção de Oscar (até agora) será "Never Told You", de tom mais confessional e nostálgico, a abrir o coração num refrão perfeito. E se os videoclips abaixo não chegarem, há mais para ouvir aqui.
Les Plastiscines e Speedy Ortiz: dois bons exemplos de rock com vozes femininas e viragens recorrentes para a pop, de forma descarada no primeiro caso e mais sub-reptícia no segundo.
As primeiras foram, há sete anos, uma das promessas francesas com "LP1", álbum de estreia conciso, enérgico e com um charme em parte concedido pela interpretação de vários temas na língua materna das então adolescentes. Já a opção pelo inglês e a troca da new wave por uma pop algo indistinta não fez grandes favores ao sucessor, "About Love" (2009).
Agora, "Back to the Start" parece trazer de volta parte da graça inicial. Os flirts com a electrónica de "In Your Room" ou "Ooh La La" convencem mas o maior trunfo talvez sejam as muitas versões que o trio tem assinado: a lista de contemplados inclui os conterrâneos Air, M.I.A., Sophie Ellis-Bextor, Wham! ou Lana Del Rey. A versão de "Blue Jeans", desta última, é das que mais justificam o regresso do trio:
Do outro lado do Atlântico, os Speedy Ortiz trocam a vénia à power pop ou ao pós-punk por uma devoção ao rock alternativo de meados de 90. Um álbum como "Major Arcana" (2013) faz crer que a banda de Massachusetts está mais preocupada em escrever canções a sério em vez do enésimo refrão para anúncios de operadoras de telecomunicações, a meta de demasiadas promessas indie dos anos 00.
O sentido de humor e crueza das letras de Sadie Dupuis explica as influências assumidas de Liz Phair ou Pavement e as guitarras à Dinosaur Jr. confirmam a herança dos tempos de "Alternative Nation". Mas os genes desta música não serão todos norte-americanos, já que os Blur também parecem estar entre as referências dos Speedy Ortiz. E só lhes fica bem recuperar uma das pérolas quase esquecidas de "13" (1999), revista com ênfase na percussão mas sem a explosão do original: