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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Melancolia antes da festa

 

Não vai faltar música no Arraial Lisboa Pride 2014, que toma conta do Terreiro do Paço neste sábado, entre o meio da tarde e finais da madrugada. Pela 18ª edição do maior evento LGBT nacional vão passar, entre outros, Da Chick, Cais Sodré Funk Connection, DJ Almada Guerra e uma homenagem a António Variações que inclui as Anarchicks, Couple Coffee, TV Rural ou Filipe Sambado, dos Cochaise.

 

No dia em que se celebra o aniversário da revolta de Stonewall, eventos semelhantes marcam outros palcos lá fora. É o caso do World Pride, em Toronto, onde actuam os Austra (na foto acima), banda nada alheia a temáticas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero. Algumas canções dos canadianos são prova disso e os videoclips ainda mais. E o novo aí está para o confirmar: em "Habitat", Katie Stelmanis canta uma história de obsessão e as imagens que a acompanham, a cargo de Matt Lambert, deixam retratos de solidões partilhadas ao longo de uma noite. Retratos eventualmente perturbantes, embora o videoclip nem aposte em efeitos de choque e mostre, mais uma vez, que os Austra sabem como complementar visualmente a sua pop electrónica sinuosa:

 

 

Também a eleger a noite como cenário, neste caso a londrina, e igualmente marcado por um relato LGBT, o novo single dos britânicos MONEY está ainda mais carregado de melancolia. Curta metragem realizada por Jem Goulding e protagonizada pelo actor francês Olivier Barthelmy, "Goodnight London" saltita entre real e o virtual, a intimidade e o desapego, o entusiasmo e a frustração. O que se mantém nesta noite em claro é uma voz frágil que tem o piano como única companhia e não facilita a experiência de quase oito minutos. Mas deixa curiosidade de ouvir "The Shadow of Heaven", o álbum de estreia da banda de Manchester, editado no ano passado - mesmo que esta amostra não seja compatível com qualquer ocasião e estado de espírito:

 

 

O conforto de estranhos domina ainda o novo videoclip dos Goldfrapp, apesar de a resolução ser talvez a mais desconfortável para as suas protagonistas. Em "Stranger" a distância entre o desejo e a morte pode não ser muita e um flirt na praia ganha contornos trágicos. A dupla britânica referiu Patricia Highsmith como influência do último disco, "Tales of Us" (2013), mas esta curta metragem de Lisa Gunning (companheira de Alison Goldfrapp) também podia ser uma variação no feminino (e a preto e branco) de "O Desconhecido do Lago". Nada que comprometa, de qualquer forma, uma voz maviosa ou a elegância minimalista dos arranjos:

 

Da Austrália com amor

 

"Free Your Mind" foi um dos discos mais contagiantes do ano passado, culpa de um encontro feliz entre os Cut Copy e ecos do acid house. Nos melhores momentos, os australianos deixaram alguns rebuçados pop capazes de rivalizar com os de "In Ghost Colours" (ainda o seu álbum mais aplaudido) e a pedir entrada directa na pista de dança. "Meet Me In A House of Love" era um deles e felizmente não foi esquecido na altura de propor um novo single.

 

A versão original, com mais de seis minutos, continua imbatível, mas a editada, com cerca de metade da duração, também não se sai mal como eventual chamada de atenção para um disco algo ignorado - ou pelo menos sem o impacto que a banda tinha há uns anos. Se a maré estiver a favor, pode ser que até faça companhia ao novo single dos GusGus nas noites de Ibiza durante este Verão. O videoclip, no entanto, afasta-se do cenário de clube sugerido pelo tema:

 

 

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