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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Queridos anos 90

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Aulas de francês, namoros difíceis, falsas amigas, cigarros partilhados e outras memórias do liceu - à frente e atrás do pavilhão... Não é uma viagem na máquina do tempo, é parte do novo álbum dos SPEEDY ORTIZ, "Foil Deer", o terceiro da banda de Massachusetts (sucessor de "Major Arcana", de 2013).

 

Quem não soubesse, diria estar em inícios dos anos 90, pela forma como o quarteto continua a revisitar o rock alternativo (quando o termo ainda fazia de facto sentido) ou o grunge, linguagens vivas na escrita sardónica de Sadie Dupuis, vocalista com eloquência à medida.

 

A alternância entre o sussurro e o grito não é uma fórmula nova, mas volta a resultar em momentos como "Homonovus" ou "Raising the Skate", enquanto a implosão de "Puffer" ou "Mister Difficult" procura outra amplitude, caminhos menos óbvios num alinhamento entre o familiar e o desafiante. O melhor refrão talvez pertença a "My Dead Girl", canção que ferve em lume brando e podia ter sido inspirada em Brittany Murphy ou na rebeldia da Drew Barrymore de há três décadas.

 

A adolescência (reimaginada ou tardia) e o livro de estilo de algum rock dos anos 90 também têm inspirado conterrâneos e contemporâneos dos Speedy Ortiz, muitas vezes no feminino. Torres mune-se de guitarras e ambientes mais agrestes, Colleen Green prefere a doçura travada por alguma ironia, a nova fase dos Best Coast opta pela pop radiofriendly e maior do que a vida, Brody Dalle reforça a maquilhagem electrónica e industrial. Deste lado do Atlântico, os londrinos Wolf Alice contrastam rudeza e vulnerabilidade com herança britpop.

 

Ainda é cedo para apontar nomes para o quadro de honra, embora "Foil Deer" esteja bem lançado. Estes dois singles, por exemplo, mostram que os seus autores vieram para ficar e nem são dos pontos altos do disco: