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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Sangue fresco

grimes_2015

 

Longe vão os tempos de "Vanessa" ou "Crystal Ball", canções que começaram por ir apresentando GRIMES antes da maior popularidade alcançada ao terceiro álbum, "Visions" (2012). De então para cá, a misteriosa canadiana que assegurava as primeiras partes dos concertos de Lykke Li, por exemplo, não deixou de somar likes no Facebook mas continuou a injectar alguma estranheza na pop, embora essa atitude já pareça confundir-se com uma obrigação em alguns momentos de "Art Angels" (2015).

 

Mesmo assim, de vez em quando Claire Boucher prova que ainda é capaz do melhor. Como em "KILL V. MAIM", a grande canção do alinhamento do último disco e uma das mais desvairadas do seu catálogo - o que não é dizer pouco, tendo em conta a bizarria ocasional dos dois primeiros registos. É também dos seus desvarios mais acessíveis, por isso não admira que tenha sido promovida a single, depois das apenas curiosas "Flesh Without Blood" e "Scream".

 

Grimes dispara em várias direcções (baixo pós-punk, electrónica dançável e musculada, refrão pegajoso à cheerleader, vozes de hélio) e da mistura sai um dos exemplares mais conseguidos da sua pop mutante, com acompanhamento visual no videoclip feito a quatro mãos ao lado do irmão, Mac Boucher, em Toronto. A amálgama contamina as imagens, entre a mitologia dos vampiros, cenários cyberpunk e influências manga, com uma viagem da estação de metro à rave num carro cor de rosa choque. Como bónus, ainda há banho de sangue no final. Mais garrido, urbano e hiperactivo era difícil:

 

 

White, mas negra

emily_jane_white_2

 

Depois de um ritmo de edição impressionante, com quase um álbum por ano - "Dark Undercoat" (2007), "Victorian America" (2009), "Ode to Sentience" (2010) -, EMILY JANE WHITE tem sido mais comedida na gravação de novas canções. Tanto que "Blood/Lines", o quarto e ainda último disco, data já de 2013 e não chega para matar as saudades desta californiana inspirada por ambientes pouco ensolarados.

 

Mas se não há outros álbuns no horizonte para já, há pelo menos alguns temas. Em "WHAT THE WHITE BOOK SAID", de Matt Bauer, a cantautora oferece a segunda voz e ajuda a reforçar a melancolia de um encontro entre folk e rock indie, que não destoaria muito num dos seus discos - para ver e ouvir no videoclip abaixo.

 

Melhor ainda é escutá-la fora da sua zona de conforto, no projecto paralelo Night Shade, trio que começa a dar os primeiros passos e promete "electro negro e luxuriante". O EP de estreia, "Mother", colocado online há poucos dias, é uma bela forma de inaugurar as edições de 2016, além de revelar que a voz doce de White resulta tão bem com acompanhamento sintético como orgânico. Ouça-se "APATHY", nevoeiro de origem gótica/new wave que Bat for Lashes não desdenharia (sobretudo na fase "Two Suns"). Mais disto ao longo do ano, por favor.