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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Recordar (e dançar) é viver

school_of_seven_bells_2016

 

Já há videoclip para uma das grandes canções do ano. "ABLAZE" é a faixa de abertura de "SVIIB", o novo e quarto álbum dos SCHOOL OF SEVEN BELLS, e dificilmente poderia ser um arranque mais auspicioso, apesar de prometer mais do que aquilo que o resto do alinhamento consegue oferecer - embora não ofereça pouco quando vai deixando canções como "On My Heart".

 

O relato do dia no qual a vocalista Alejandra Deheza conheceu o produtor Benjamin Curtis, vítima de um linfoma há três anos, resulta num flashback efervescente e dançável, funcionando ainda como ode e despedida. E entra directamente para a lista de melhores canções da banda, mérito de uma pop electrónica contagiante, com heranças dos (algo esquecidos) Curve e próxima dos portugueses (e ainda mais esquecidos) Cello.

 

O videoclip acompanha o recuo até uns certos anos 90 (ou mesmo 80) feito através de imagens esbatidas e granuladas, tons púrpura (a condizer com a capa do novo disco) e aventuras solitárias na noite, em casa ou na rua. Não destoaria num serão de "Alternative Nation", da MTV, há duas décadas, o que só lhe fica bem:

 

 

Longe do paraíso

pop_1280

 

A crítica ao individualismo da sociedade de consumo, assente no entorpecimento via fast food ou má dieta televisiva, está longe de ser um tema original. Mas os POP. 1280 não estão muito preocupados com isso e fazem do caos social a questão-chave do seu novo álbum, "Paradise" (título obviamente irónico), evolução na continuidade dos antecessores "The Horror" (2012) e "Imps of Imperfection" (2013).

 

Uma falta de fé na humanidade tão extrema, disparada em ambientes industriais e pós-punk do mais cavernoso, já vem de outros discos, desde os dos habitualmente comparados Birthday Party, com um pouco esperançoso jovem Nick Cave, aos menos lembrados Pop Group de Mark Stewart, de quem o vocalista Chris Burg também se aproxima nestas canções (ou, às vezes, meros estilhaços sonoros entre paisagismo drone e sujidade noise).

 

O quarteto nova-iorquino classifica a sua música como cyberpunk e essa ligação vai mais longe na estética de alguns videoclips, como o mais recente. "PHANTOM FREIGHTER" poderia confundir-se com o making of de um filme que David Cronenberg deixou por fazer em meados dos anos 80, com memórias VHS e atmosfera urbana gótica tão despojada como a canção, a remeter para a EBM de uns Nitzer Ebb mais lo-fi. Ainda assim, destaca-se como uma das faixas mais directas e imediatas de um álbum que, tal como os primeiros, insiste em não facilitar. Haja tempo para o conhecer a fundo...

 

 

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