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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Tempestade industrial

blanck_mass_2016

 

Música de Verão? O novo single de BLANCK MASS até pode chegar em plena época estival, mas é tão tempestuoso como o que se ouviu em "Dumb Flesh", o segundo álbum do projecto de Benjamin John Power e um dos melhores do ano passado. E nem seria de esperar outra coisa do produtor britânico, tendo em conta que é metade dos Fuck Buttons e continua a ir ao extremo numa aventura paralela que tem vindo a ganhar espaço.

 

"D7-D5" chega depois de "Great Confuso EP" e, à semelhança desse registo, soa mais a uma adenda ao último longa-duração do que a um ponto de partida para outros territórios. O que não tem problema nenhum quando traz quase oito minutos de um crescendo tão devastador como os picos de "Dumb Flesh", num novelo industrial de vozes trituradas, pulsão techno e flirts com o noise descartados pelo sentido melódico que resiste apesar do caos.

 

Um ataque sónico para degustar em ambiente caseiro, de preferência com headphones, ou num contexto ao vivo a pedir headbanging e/ou braços no ar - num palco de Guimarães, por exemplo, durante o Mucho Flow 2016, a 8 de Outubro. Por agora fica o videoclip, em jeito de aquecimento e com neuroses a condizer:

 

 

Cinco minutos na estrada australiana

jagwar_ma

 

Amores perdidos, o peso do passado e a incerteza do futuro não serão temas propriamente ligeiros, por isso ninguém diria que serviram de mote para o novo single dos JAGWAR MA. Em vez de resultar num exercício introspectivo, "O B 1" tem a combinação de leveza e embalo rítmico que fez da banda uma das mais promissoras a surgir em solo australiano nos últimos anos.

 

Apesar de vir da terra dos Cut Copy, Tame Impala, Ladyhawke ou Presets, e de partilhar o recurso à electrónica com esses nomes, o trio de Sidney parece continuar mais interessado na música dos Stone Roses, Happy Mondays, Charlatans e outras referências da cena de Madchester entre finais da década de 80 e inícios de 90. O grupo está longe de ser o primeiro a recuperar o psicadelismo apontado à pista de dança dessa altura - como o provam os esquecidos Delakota, os mais lembrados Kasabian ou os também recentes Real Lies -, mas a revisitação do disco de estreia, "Howlin'" (2013), foi promissora, e o tema mais recente não trai essa impressão.

 

Misturado por Ewan Pearson e com bateria de Stella Mozgawa, das Warpaint, "O B 1" mantém o entrosamento (que às vezes parece disputa) de guitarras e sintetizadores já presente do primeiro álbum, movendo-se entre ondulações dub misteriosas q.b. e um final mais festivo, a sugerir um aquecimento para raves a céu aberto. Ou então a tornar-se banda sonora tanto de viagens de carro pela noite dentro como da apanha de cogumelos de manhã, sugere o grupo. O videoclip remete mais para a primeira hipótese, ao seguir os australianos pela estrada e por alguns palcos. Próxima paragem? O segundo álbum, "Every Now & Then", algures no Outono.

 

 

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