Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

NÃO TENHAM MEDO

Um dos projectos mais profícuos oriundos de domínios trip-hop, os Lamb apresentaram, no seu segundo álbum, o momento mais inspirado da sua discografia, melhorando os bons resultados que o registo de estreia, "Lamb", já exibia.

"Fear of Fours" é não só um dos discos obrigatórios de 1999 como um dos que melhor consegue expor os traços essenciais de uma intrigante sonoridade de final do milénio. Centrando-se no trip-hop, as canções congregam também elementos do drum n' bass, electro, jazz, spoken word, pop, torch song, downtempo e algum techno, oferecendo uma amálgama coesa e inventiva.

As muito eficazes programações rítmicas de Andy Barlow são o complemento perfeito para a singular voz de Louise Rhodes, que por vezes pode gerar estranheza, uma vez que nao se trata de uma vocalista de tons imediatamente acessíveis, mas que acaba por envolver e conquistar.

Ousado e difícil de rotular, "Fear of Fours" proporciona grandes momentos de impacto emocional através da soberba interligação de loops e samples e uma vertente orgânica (a presença do baixo é especialmente determinante), que juntamente com a voz de Rhodes conseguem originar canções de recorte superior que vão desde ambientes calorosos e absorventes, como na balada "Softly", até à frieza arrepiante de "Alien".

Apesar dos álbuns posteriores - "What Sound" e "Between Darkness and Wonder" - apostarem numa sonoridade algo formatada e linear, "Fear of Fours" é um registo versátil e heterogéneo, um dos melhores exemplos da electrónica de finais da década de 90, tão relevante como referências musicalmente próximas onde figuram os Massive Attack, Portishead, Gus Gus, Sneaker Pimps, Tricky, UNKLE ou Garbage.
Vale a pena, por isso, (re)descobrir a imponência épica de "Bonfire", as etéreas atmosferas do excelente instrumental "Five", a frenética vibração breakbeat de "Little Things", os temperos bossanova de "Here" ou a desconcertante estranheza da inventiva "Fly", canções que conservam ainda consideráveis cargas de surpresa e contemporaneidade.
E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.