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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

À boleia pela galáxia

É a grande aposta do canal Syfy dos últimos anos, adapta uma saga literária elogiada e está entre as melhores aventuras espaciais recentes do pequeno (ou grande) ecrã. Numa altura em que "THE EXPANSE" regressa com a segunda temporada, a primeira pode ser vista por cá na Netflix.

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No século XXIII, as Nações Unidas têm a seu cargo a gestão não só da Terra mas de todo o sistema solar, que inclui também Marte e Belt (colónia na cintura de asteróides entre o planeta vermelho e Júpiter) como zonas habitadas. Só que esta expansão apenas veio reforçar as assimetrias sociais e económicas, alargando o fosso entre privilegiados e excluídos e instigando um cenário de guerra fria entre a Terra e Marte.

Quando "THE EXPANSE" arranca, o conflito ameaça tomar outras proporções à medida que uma conspiração política pode tirar do mapa a classe desfavorecida de Belt, pondo fim ao clima de paz armada. A não ser que a equipa de um cargueiro espacial que transporta gelo, com algumas informações essenciais nas mãos, consiga virar o jogo a tempo...

A partir dos livros de James S. A. Corey (pseudónimo dos escritores Daniel Abraham and Ty Franck), editados desde 2012 e já com seis dos nove volumes previstos nos escaparates, Mark Fergus e Hawk Ostby criaram uma série que leva mais longe as ideias de ficção científica já presentes noutras colaborações da dupla de argumentistas, até aqui no cinema - em filmes como "Os Filhos do Homem", "Homem de Ferro" ou "Cowboys & Aliens".

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O facto de esta nova aventura ser desenvolvida no pequeno ecrã não foi sinónimo de menor ambição, uma vez que "THE EXPANSE" é a maior aposta do Syfy nos últimos anos, como aliás se torna evidente logo nos minutos iniciais do primeiro episódio - da realização à direcção artística, há aqui uma sofisticação muito acima do patamar algo modesto (e às vezes até embaraçoso) do canal.

A atenção ao detalhe é, de resto, um dos trunfos de uma série que conjuga ideias reconhecíveis de outras visões sci-fi ("Battlestar Galactiva" e "Firefly" estão entre as habitualmente comparadas) com uma vertente mais realista do que escapista no retrato das situações quotidianas, sobretudo o do lado mais prático do dia-a-dia numa nave espacial. Não admira, por isso, que a mais interessante das três histórias da primeira temporada seja mesmo a da tripulação que se vê envolvida num novelo de acidentes, tanto por potenciar os momentos visualmente mais interessantes como por conseguir manter um suspense quase contínuo, em paralelo com as relações que se vão desenvolvendo entre a equipa (cujos elementos são inicialmente quase tão estranhos uns para os outros como para o espectador).

Além deste grupo perdido no espaço, "THE EXPANSE" vai acompanhando as investigações de um detective de Belt, com Thomas Jane perfeitamente à vontade num ambiente noir futurista (a herança de "Blade Runner" também passa por aqui). Este arco policial, embora escorreito, não está assim tão longe de outros procedurals televisivos (no caso, centrado na busca de uma jovem desaparecida), mas tem um actor que agarra a personagem com convicção e a atmosfera desolada da colónia é palpável e intrigante, o que ajuda a conferir singularidade a uma trama à partida genérica.

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Menos entusiasmante é o arco centrado numa diplomata das Nações Unidas, na Terra, figura que a veterena Shohreh Aghdashloo defende de forma credível entre diálogos por vezes demasiado explicativos, episódios burocráticos pouco memoráveis e outros sinais de uma conspiração palaciana que demora a arrancar e nem sempre se dá bem com o tom mais cinético dos outros enredos. Se os destinos dos restantes protagonistas de "THE EXPANSE" acabam por se cruzar - e ganhar com isso - ao longo dos primeiros dez episódios, cada regresso à trama mais institucional quebra alguma fluidez narrativa - mesmo que seja uma peça importante para apresentar o contexto geopolítico da história.

Apesar de não ter a coesão das melhores sagas televisivas dos últimos anos, esta é uma aventura a (re)descobrir por fãs de ficção científica e não só, envolvente desde o episódio piloto - a fechar com um óptimo cliffhanger - e cada vez mais segura à medida que se aproxima do final da temporada, quando já estamos devidamente ambientados neste universo que promete ter mais para explorar. A estreia da segunda temporada, a 1 de Fevereiro nos EUA, é um bom pretexto para embarcar na produção de 2015 do Syfy que está disponível na Netflix desde finais do ano passado.

3,5/5

O fiel cantadeiro

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Cantor e multi-instrumentista, CAMERON AVERY fez parte dos Pond, é actualmente baixista dos Tame Impala e formou a sua própria banda, os também australianos The Growl. Mas este ano deverá ser mais falado por "Ripe Dreams, Pipe Dreams", álbum que marca a sua estreia a solo e no qual garante estar mais perto do blues, do gospel ou da soul que o aproximaram da música na adolescência do que do flirt com o rock, mais psicadélico ou electrónico, dos grupos que integrou nos últimos anos.

 

O regresso aos discos de Frank Sinatra, Elvis Presley ou Etta James foi boa parte da inspiração para um alinhamento de "música intemporal para a era moderna", a descobrir a partir de 10 de Março. Por agora, o apetite fica aguçado através de "WASTED ON FIDELITY", balada possante com o trovador contemporâneo a questionar o preço da estabilidade conjugal. A combinação de gravidade e ironia também serve de combustível para o videoclip, que mostra o lado de romântico marialva de Avery a sobrepor-se ao de pacato homem de família sacrificado na canção:

 

 

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