Para acabar de vez com 2016
Num ano em que os Nine Inch Nails desiludiram (o EP "Not the Actual Events" varia entre o redundante e o dispensável) e os Crystal Castles pareceram mais interessados numa evolução na continuidade do que no rasgo de outros tempos, coube aos YOUTH CODE deixar uma das melhores surpresas de 2016 em terreno industrial e electrónico.
"Commitment to Complications", o segundo álbum da dupla de Sara Taylor e Ryan George, reforçou o poderio sónico da estreia homónima, de 2013, e dos vários EPs que ajudaram a gerar algum culto em torno de um projecto que tem influências como os Skinny Puppy ou os Front Line Assembly na lista de fãs.
A combinação de voz de feminina gutural e sintetizadores enfurecidos pode não ser nova, mas o duo californiano mostra que, numa fase em que muita pop não resiste à EDM (quase sempre de qualidade duvidosa), ainda vai havendo espaço para relembrar e reformular a EBM de uns Nitzer Ebb ou dos mais recentes Light Asylum, outros dois possíveis pontos de partida para estes ambientes.
E se em disco o caos é imponente, ao vivo arrisca-se quase sempre a ir mais longe, como se pode ver e ouvir num dos últimos showcases, à porta fechada para a Amoeba Music, a sugerir que também seria bom contar com "Avengement", "Anagnorisis", "Transitions" e outras canções dos YOUTH CODE num palco português (o do festival Entremuralhas, no Castelo de Leiria, então, era um belo cenário para um concerto destes):