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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Felizes juntos

Fischerspooner

 

De volta aos discos depois de um hiato mantido desde "Entertainment", de 2009, os FISCHERSPOONER têm sabido escolher as companhias. O primeiro tema revelado este ano, "Have Fun Tonight", deu conta da colaboração com Michael Stipe, que se mantém em todas as faixas do próximo álbum, "SIR", agendado para 16 de Fevereiro. O ex-vocalista dos R.E.M. é o principal produtor (BOOTS também ajuda) e colabora ainda na composição, além de emprestar a voz a alguns coros.

 

No novo single, a dupla nova-iorquina convida agora Caroline Polachek e talvez por isso "TOGETHERNESS" opte por uma pop esquizóide mais próxima dos Chairlift, banda que deu a conhecer a cantora, do que do passado electroclash de Warren Fischer e Casey Spooner. Este até será o maior desvio que a dupla nova-iorquina faz desses ambientes frenéticos, que de alguma forma acabaram por marcar a maioria das canções anteriores e são aqui trocados por uma produção mais arejada e contemporânea.

 

Fischerspooner_SIR

 

A Pitchfork, por exemplo, sugere influências de FKA Twigs ou Arca, embora os FISCHERSPOONER não cheguem a ser tão cerebrais, até porque o próximo álbum promete ser o mais emocional, íntimo e carnal de uma banda que nunca temeu ser insinuante. Mas a exuberância está, mesmo assim, mais contida, desde logo na imagem de Casey Spooner (Warren Fischer aparece cada vez menos), em parte para concentrar atenções no alinhamento, inspirado no final de uma relação de 14 anos do vocalista.

 

Nesta entrevista da Interview, o mentor do projecto conta a Michael Stipe - que além de colaborador é seu amigo e ex-companheiro (aliás, foi o primeiro) - o que tem mudado no seu processo criativo e o motivo da abordagem mais directa a canções sobre relacionamentos homossexuais (e os títulos das novas são elucidativos, de "Stranger Strange" a "Discreet", passando por "Dark Pink" ou "Top Brazil"). Vale a pena lê-la, nem que seja para perceber o considerável (e inesperado) corte com o passado da banda feito em "TOGETHERNESS".

 

O videoclip do single junta mais dois nomes à lista de convidados: o actor Juan Pablo Rahal, que contracena com Casey Spooner, e a artista transexual Juliana Huxtable:

 

 

De regresso como cavaleiros das trevas

MGMT

 

Parecendo que não, já passaram quase dez anos desde que "Oracular Spectacular" (2008) colocou os MGMT na bolsa de apostas indie. Mais do que o álbum, singles como "Time to Pretend" ou "Kids" catapultaram a dupla de Brooklyn para a linha da frente das novas sensações do momento, mas esse pico nunca voltou a ter resposta à altura nos discos seguintes.

 

Em vez de optarem pela pop electrónica das canções mais populares da banda, "Congratulations" (2010) e "MGMT" (2013) não colocaram de parte os sintetizadores mas seguiram uma via mais psicadélica, experimental e muitas vezes hermética, numa tentativa deliberada de evitar as pistas mais óbvias.

 

É também por isso que uma canção como "LITTLE DARK AGE", a primeira de Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser em quatro anos, acaba por ser uma relativa surpresa. Mesmo não sendo tão imediata como os primeiros singles dos MGMT, é o mais próximo desses ambientes desde então, e até reforça a carga synthpop com heranças de glórias anos 80 na composição, produção e voz (a lembrar a viragem igualmente sintética do último álbum dos Arcade Fire).

 

O videoclip nem tenta esconder essa escola, ao vincar o tom gótico com direito a uma vénia a Robert Smith, mesmo que a melancolia adolescente de outros tempos tenha dado lugar à ironia. A pose é mais blasé do que angustiada, mas o resultado deixa alguma expectativa para o quarto álbum do duo, prometido para inícios de 2018: