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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Fundo de catálogo (108): Air

Air - Moon Safari

Se a pop francesa (e a de perfil electrónico em particular) alcançou novos voos em meados da década de 90, "MOON SAFARI" foi a cereja em cima do bolo desse fôlego criativo com grande visibilidade internacional.

Editado a 16 de Janeiro de 1998, o álbum de estreia dos AIR resultou numa brisa entre a tensão de fim de milénio da música mais aventureira desse tempo e chega aos 20 anos sem muitas rugas. "Kelly Watch the Stars", uma das faixas mais populares, tinha sabor a clássico instantâneo e mantêm-se entre o melhor da colheita onírica da dupla de Versalhes, continuando a soar diferente de tudo o que Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin (ou outros) viriam a fazer depois.

Tão sedutor e encantatório, "Sexy Boy" foi mais um single invulgar, de sabor retrofuturista, entre electrónica de sabor nostálgico e um apelo intemporal (ou que pelo menos não parece fora do prazo de validade 20 anos depois). E o mais contemplativo "All I Need" compõe o trio de singles perfeitos acompanhados por videoclips ao mesmo nível, todos realizados por Mike Mills (que viria a dirigir "Chupa no Dedo" ou "Mulheres do Século XX"), também eles decisivos para que a linguagem dos Air conseguisse cativar a geração MTV.

Moon Safari

Tal como há duas décadas, no entanto, fica a sensação de que o alinhamento de "MOON SAFARI" nunca chega a acompanhar o brilhantismo desses cartões de visita, sobretudo numa recta final em modo lounge mais agradável do que essencial. Mas vale sempre a pena regressar a "You Make It Easy" (com a voz de "All I Need", Beth Hirsch, noutro dos momentos mais calorosos do disco), ao vododer servido com melodias em ponto de rebuçado de "Remember" ou ao arranque elegantíssimo e espacial de "La Femme d'Argent".

Momentos como esses ajudam a reforçar os sinais de personalidade de uma música não tão exclusivamente electrónica como a de muitos conterrâneos da altura (Daft Punk, Etienne De Crécy, Dimitri from Paris), na qual o baixo, os teclados ou os sopros ganham algum protagonismo entre as texturas quase sempre em lume brando - embora longe dos lugares comuns de algum downtempo e "novas tendências" chill out que começavam a instituir-se por esse dias. No caso dos AIR, este safari pelo lado mais sonhador do french touch pode continuar nostálgico, sim, mas não soa requentado.

Amor cão

Soccer Mommy

 

Sophie Allison começou por criar e gravar música no quarto, mostrou-a a alguns amigos, partilhou-a online e aos poucos foi despertando atenções que ajudaram à gravação de um mini-álbum já com uma banda - "Collection", editado no Verão passado -, depois de alguns EPs nos quais se encarregava da composição, voz e guitarra.

 

Enquanto SOCCER MOMMY, a norte-americana de Nashville que viria a mudar-se para Nova Iorque foi assim moldando, desde 2015, uma indie pop lo-fi e confessional com inéditos prometidos para este ano, que aliás começaram a chegar há poucos dias.

 

Mais encorpado e a vincar uma aproximação a algum rock alternativo (o da classe de 90 e de nomes como Juliana Hatfield ou Helium, por exemplo), "YOUR DOG" é a porta de entrada para "Clean", álbum de estreia que deverá chegar a 2 de Março.

 

O disco volta, como as canções anteriores, a olhar para as relações amorosas, mas este primeiro single revela uma voz mais crispada (sem perder a doçura) e decidida a não se ficar no lugar para o qual a atiram.O videoclip leva essa intenção ao extremo, numa crónica conjugal em ambiente de terror urbano. E ainda intimista, mas num tom bem diferente do que registos como "Songs from My Bedroom" (2015) ou "For Young Heats" (2016) fariam esperar:

 

 

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