Passar de nível, ganhar uma nova vida, recomeçar. Pode ser a lógica de um videojogo, mas foi também o meio que OSCAR Scheller encontrou para dar a volta aos seus períodos de ansiedade e depressão. E agora o britânico junta as duas vertentes em "1UP", o novo single de um percurso que começou de forma promissora com um EP seguido de um álbum, há dois anos, mas do qual não resultaram notícias nos últimos tempos.
O regresso mantém a pop vitaminada, embora melancólica q.b., de "Cut and Paste", e acrescenta-lhe uma camada electrónica com pulsão 8-bit - um condimento natural num tema inspirado no universo gamer. O videoclip não foge a essa herança e oferece um desfile, devidamente pixelizado, por memórias de videojogos old school, de "Super Mario" a "Street Fighter", com piscadelas de olho a algum anime, entre "Dragon Ball" e "Pokémon". E lá mais para o final ainda há espaço para Sarah Midori Perry, a vocalista dos Kero Kero Bonito, que vem reforçar a carga despretensiosa e geek. Próximo nível: segundo álbum? Talvez não, mas pelo menos há mais música a caminho.
ST. VINCENT já se tinha revelado mais pop do que nunca em "MASSEDUCTION", o seu quinto álbum, editado no ano passado. Mas parece que mesmo assim ainda não era o suficiente, tendo em conta que um dos temas mais recatados do alinhamento, "Slow Disco", ganhou uma nova versão, "FAST SLOW DISCO" (produzida a meias com Jack Antonoff), que conforme o título indica apostou num ritmo mais acelerado - e festivo, apesar da letra melancólica q.b..
Não surpreende, então, que o videoclip desse novo single tenha uma pista de dança como cenário, embora talvez seja mais inesperado encontrar Annie Clark como a única mulher entre vários homens em tronco nu e movimentos insinuantes, a sua forma de celebrar o mês do orgulho gay.
O resultado de dezenas de corpos atiçados pela música fica algures entre o de "All the Lovers", de Kylie Minogue, mas em ambiente nocturno e quase 100% masculino, e uma versão menos atrevida de "TopBrazil", dos Fischerspooner, e mais descontraída do que o recente "Don't Beat the Girl Out of My Boy", de Anna Calvi. E se também por isso não ganha muitos pontos pela originalidade, é um passo de gigante para reforçar o lugar da norte-americana na lista de novas divas LGBT. A propósito, seria pedir muito podermos vê-la por cá num Arraial Pride?