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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

O tal canal

Channel Tres

 

Apesar de ter editado o EP de estreia há poucos dias, CHANNEL TRES não é propriamente um novato, musicalmente falando. Nos últimos anos, o rapper de Compton foi contando várias colaborações enquanto compositor e produtor, com gente como Shamir ou Kehlani, e chegou a considerar mudar de rumo num percurso como DJ, facção EDM.

 

Felizmente, um interesse renovado e repentino pela escrita de canções levou-o a optar antes por um caminho que, sem deixar de lado a música de dança, não se move pelos ritmos mais formatados e destinados a animar multidões em estádios. E assim chegou a "Channel Tres EP", cruzamento de hip-hop e house que tanto deve a audições recentes de Moodymann, entre outra produção electrónica de Detroit ou Chicago, como a antigos heróis musicais que foram esbatendo fronteiras, caso dos Outkast.

 

Marvin Gaye e a tradição gospel, influências igualmente assumidas, ajudarão a explicar o peso que a sua voz de barítono tem nestas primeiras canções, movidas por um compasso insinuante, confiante e implosivo. "JET BLACK", o novo single, é uma boa amostra e confirma, para já, a promessa de "CONTROLLER", o primeiro cartão de visita:

 

 

 

Queen Kong

Neneh Cherry 2018

 

Depois de ter editado um dos melhores álbuns desta década, "Blank Project" (2014), NENEH CHERRY não apresentou novidades nos últimos anos além de "He She Me", a também já algo distante colaboração com Dev Hynes (Blood Orange), em 2015.

 

"KONG" é, por isso, uma boa notícia logo à partida, que se torna ainda melhor ao resultar de uma colaboração com Four Tet e Robert “3D” Del Naja. Esta não é a primeira vez que a música da sueca se cruza com a dos britânicos: Kieran Hebden produziu o seu último disco, o elemento dos Massive Attack ajudou a criar uma das canções mais emblemáticas do primeiro: "Manchild", em 1989, ainda antes da alvorada do trip-hop.

 

Do novo encontro nasceu agora uma canção que também deve alguma coisa ao som de Bristol mas que segue ainda mais as pistas lançadas por "Blank Project", com a diferença de a sua autora ter agora um foco mais universal do que pessoal nas palavras que canta. Se as texturas traduzem uma produção electrónica contemporânea, ancoradas numa percussão ondulante, a letra também surge com marcas óbvias deste tempo ao estar ao serviço de uma canção de protesto motivada pela crise dos refugiados.

 

"Every nation seeks it’s / friends in France & Italy / and all across the 7 seas / and goddam guns and guts and bitter love still put a hole in me", dispara Cherry entre um compasso rítmico lânguido e envolvente, num regresso que vai convidando a audições repetidas.

 

Felizmente, o regresso não se esgota aqui. Foram também anunciados quatro concertos para os próximos meses, o que é de assinalar já que têm sido uma raridade. "KONG" e as canções que estão para trás poderão ser ouvidas ao vivo em Berlim (já a 16 de Agosto), Estocolmo (6 de Setembro), Londres (12 de Setembro) e Paris (26 de Setembro). Até lá, podemos ir vendo Cherry no novo videoclip, realizado por Jenn Nkiru: 

 

 

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