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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

60 de 2018

2018

 

Filmes, séries, discos, concertos, canções... Ao longo do ano, praticamente todos os da lista abaixo estiveram entre os destaques deste blog, e os que não chegaram a sê-lo ficaram de fora quase sempre por falta de tempo. A mesma falta de tempo que leva que a selecção pudesse ser diferente caso o balanço incluísse mais visionamentos ou audições, propostas que continuam noutra lista (a de espera, com uma acumulação constante) ou uma atenção mais prolongada a alguns álbuns que talvez a merecessem. Como acaba por acontecer todos os anos, no fundo... Em todo o caso, houve muito a reter nos últimos doze meses, e as 60 escolhas abaixo (com dois ou três extras) são exemplos a recomendar e a (re)descobrir:

 

15 FILMES

A Eterna Desculpa

 

"A Ciambra", Jonas Carpignano
"A Eterna Desculpa", Miwa Nishikawa
"A Lua de Júpiter", Kornél Mundruczó
"BlacKkKlansman: O Infiltrado", Spike Lee
"Como Nossos Pais", Laís Bodanzky
"Custódia Partilhada", Xavier Legrand
"Frantz", François Ozon
"Homem-Aranha: No Universo Aranha", Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman
"Marvin", Anne Fontaine
"Na Síria", Philippe Van Leeuw
"Shoplifters: Uma Família de Pequenos Ladrões", Hirokazu Koreeda
"The Florida Project", Sean Baker
"Thelma", Joachim Trier
"Verão 1993", Carla Simón
"Western", Valeska Grisebach

 

Filme nacional: "Raiva", Sérgio Tréfaut

 

Fora de circuito: "Cuori Puri" (Festa do Cinema Italiano); "Azougue Nazaré", "Marilyn", "Sauvage" (Queer Lisboa)

 

 

10 SÉRIES

Humans

 

"A Maldição de Hill House" (T1), Netflix
"Big Mouth" (T2), Netflix
"Fauda" (T2), Netflix
"Gaycation" (T2 + especiais), Viceland/Odisseia
"Gomorra" (T3), Sky Italia/RTP2
"Humans" (T3), Channel 4/AMC
"Ozark" (T2), Netflix
"Seven Seconds" (T1), Netflix
"The Americans" (T6), FX/FOX Crime
"The End of the F***ing World" (T1), Netflix

 

Série nacional: "Subsolo" (T1), RTP

 

 

10 DISCOS

Metric

 

"Art of Doubt", Metric
"Broken Politics", Neneh Cherry
"Confident Music for Confident People", Confidence Man
"Criminal", The Soft Moon
"Ghetto Falsetto", Bruno Belissimo
"Hunter", Anna Calvi
"Le Touch", Slove
"Lies Are More Flexible", GusGus
"Parallels", H ø RD
"Romance", Ex:Re

 

 

10 CONCERTOS

Garbage

 

Anna Calvi no Cineteatro Capitólio
Daisy Mortem na Aposentadoria
Feist no Coliseu dos Recreios
Garbage no TivoliVredenburg
Metric na Sala Bikini
Neneh Cherry no Café de la Danse
Nova Materia no Musicbox Lisboa
Opal Ocean no Festival Músicas do Mundo
The Soft Moon no RCA Club
Yasmine Hamdan no Festival Músicas do Mundo

 

 

15 CANÇÕES

GusGus

 

"Bate Mais", Teto Preto
"Dark Spring", Beach House
"Dressed to Suppress", Metric
"Floor", Them Are Us Too
"Fuel", GusGus
"Good Girl", Slove
"In My View", Young Fathers
"Lost Lenore", Charlotte Gainsbourg
"Nov Power", Nova Materia
"Oh Rio", Fischerspooner
"Plaything", Róisín Murphy
"Soldier", Neneh Cherry
"The Animals", Ladytron
"The Pain", The Soft Moon
"Wish", Anna Calvi

 

Playlist no Spotify aqui

 

Guerras em série, da família aos andróides

Ao acentuarem os conflitos, "OZARK", "HUMANS" e "FAUDA" foram dos melhores regressos televisivos do ano numa altura em que não faltam séries a não perder. Até agora, estas continuam a justificar toda a confiança...

 

Ozark T2

 

"OZARK" (T2): A primeira temporada do drama protagonizado por Jason Bateman e Laura Linney já era boa, mas a segunda vai mais longe ao tornar o quotidiano da família Byrde num lugar inóspito do interior dos EUA ainda mais turvo (com a fotografia sempre a acompanhar, ajudando a desenhar uma atmosfera própria e visualmente reconhecível). E se o argumento continua a partir de um casal aparentemente decente cujas atitudes se vão tornando, no mínimo, moralmente dúbias (o que ainda continua a render à série comparações a "Breaking Bad"),  os showrunners Bill Dubuque e Mark Williams ocupam este território com uma segurança reforçada, mérito de um argumento que evita caminhos óbvios e que mergulha no lado negro do sonho americano com uma visão lúcida e adulta, às vezes agonizante mas com espaço para algum humor, e sempre ancorada nas personagens - os protagonistas têm alguns dos melhores desempenhos do seu percurso, os secundários estão à altura com figuras de corpo inteiro e compõem um elenco inatacável. E ao aliar uma crise comunitária à crise de um casal, a aposta da Netflix vai deixando um retrato absorvente do poder do dinheiro e das zonas de sombra das relações humanas. Venha a próxima temporada...

 

4/5

 

Humans T3

 

"HUMANS" (T3): Outro exemplo de uma série que só tem vindo a melhorar, a co-produção do Channel 4 e do AMC tem sabido encontrar novos olhares sobre as possibilidades da inteligência artificial e à terceira foi mesmo de vez: está aqui, agora sem grandes dúvidas, uma das sagas de ficção científicas essenciais dos últimos anos - dentro ou fora do pequeno ecrã. Numa temporada menos dispersa do que as anteriores, e a assumir riscos cada vez maiores, a acção reforçou o fosso entre os humanos e os synths (andróides inicialmente criados para tarefas domésticas mas que ganharam consciência) enquanto cimentou pontes com as lutas pelos direitos civis das minorias, lembrando em parte conflitos de sagas como "Battlestar Galactica", "Sangue Fresco" ou "X-Men" (nas quais a diferença tinha a face de extraterrestres, vampiros e mutantes, respectivamente). Mas poucas vezes essas séries ou filmes se terão aproximado da excelência que estes oito episódios atingiram, numa trama distópica na qual os actores se mantêm como o maior efeito especial, defendendo muito bem um argumento tão hábil na tensão como na comoção ou imaginação de uma guerra civil que espelha realidades nada futuristas.

 

4,5/5

 

Fauda

 

"FAUDA" (T2): Quem se queixa do número de mortes de "A Guerra dos Tronos" talvez nem deva aproximar-se desta série israelita (disponível na Netflix), que tem sido muito mais impiedosa com as personagens e com os espectadores e não receia despedir-se de figuras que prometiam outros voos. Mas essa crueza raramente surge como gratuita numa história centrada no conflito israelo-árabe, que não se coíbe de expor o preço a pagar por uma guerra contínua enquanto tenta olhar para a disputa com alguma ambiguidade. Só que nem sempre consegue e a sua maior limitação é mesmo a de deixar evidente a nacionalidade dos autores: os israelitas Avi Issacharoff, jornalista especializado em questões palestinianas, e Lior Raz, que também assume o argumento e o papel protagonista, personagem inspirada na sua experiência como ex-agente dos serviços secretos. Admita-se, no entanto, que "Fauda" consegue fugir ao maniqueísmo e não recusa apontar o dedo aos abusos da força especial que acompanha, compondo um cenário onde quase já não sobram inocentes. Pelo caminho é capaz de ensinar alguma coisa a muitos filmes de acção norte-americanos - com perseguições e reviravoltas de antologia -, lição aperfeiçoada por um realismo para o qual contribuem o elenco ou o sentido de espaço. E entre os grandes trunfos está ainda Walid Al Abed, elemento da facção terrorista palestiniana que a interpretação superlativa de Shadi Mar'i ajuda a tornar numa das personagens televisivas mais fascinantes dos últimos anos - e que merecia uma série só dele, até para ajudar a aprofundar o contraste ideológico no centro de um thriller impecavelmente oleado.

 

3,5/5

 

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