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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

As filhas da noite

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Com lugar cativo entre as melhores revelações islandesas dos últimos anos, as KAELAN MIKLA continuam a viagem nocturna pelas lendas locais em "NÓTT EFTIR NÓTT", o novo single e faixa-título do seu terceiro álbum, editado no ano passado.

Colaboração com Barði Jóhannsson, dos conterrâneos Bang Gang (que aqui se ocupa da guitarra), o tema é descrito pelo trio feminino como o momento do disco no qual os perigos da noite e o cruzamento de pesadelos e realidade ganham maior expressão. E nem é preciso saber qualquer palavra de islandês (idioma de todas as canções do grupo) para mergulhar nessa atmosfera, uma vez que a tensão é muito bem construída por uma linguagem personalizada com heranças góticas e pós-punk.

O videoclip, com fotografia a preto e branco, segue a banda na floresta, a altas horas, entre assombrações que não andam longe de alguns momentos de "O Projecto Blair Witch" - e são quase uma sucessão natural das imagens de bruxaria e sacrifício do single anterior, "Draumadís":

Uma dança entre o realismo britânico e os subúrbios franceses

Scratch Massive 2018.jpg

 

A música dos SCRATCH MASSIVE sempre teve uma costela cinematográfica e o quarto álbum, "Garden of Love" (editado no ano passado), não veio mudar muito as coisas. Mas se no disco anterior, "Nuit de rêve" (2011), os ambientes sombrios de John Carpenter (tanto dos filmes como das bandas sonoras) estavam entre as inspirações óbvias, a colheita recente aposta num tom mais etéreo do que sinistro.

 

O novo single, "DANCER IN THE DARK", é um dos temas em que a ligação à sétima arte continua. O título foi repescado de um filme de Lars von Trier, o videoclip aproxima-se mais de outros nomes do cinema europeu: os de Andrea Arnold e Ken Loach, por exemplo, pontos de partida para um olhar  que recorre a traços do realismo britânico para acompanhar uma adolescente surda-muda dos arredores de Paris.

 

Tristan Feres, o realizador, tinha convidado a dupla francesa para a banda sonora de uma média-metragem, mas a colaboração acabou por ter uma nova fase através de material que sobrou das filmagens, retrabalhado para um outro relato em forma de videoclip. O resultado volta a confirmar a pontaria do projecto de Maud Geffray e Sébastien Chenut para casamentos entre música e imagem, com uma pop electrónica enigmática a forrar episódios do tédio ou adrenalina suburbanos: