Uma canção contra a opressão (e a ocupação)
Para os MASHROU' LEILA, a cantiga continua a ser uma arma e o seu novo single é dos mais assumidamente politizados (o que não é dizer pouco, depois de concertos com uma vertente activista tão vincada). Reacção à opressão militar, "CAVALRY" é descrito pela banda libanesa como um relato sobre "a necessidade de travar uma luta, mesmo quando as probabilidades de vencer não estão do nosso lado, e de não deixar que a fadiga política destrua a nossa determinação de dizer a verdade ao poder".
Inspirado por histórias como a de Ahed Tamimi, adolescente paquistanesa detida por confrontar soldados israelitas que invadiram a sua casa, o videoclip é uma homenagem ao idealismo juvenil mas não parece deixar muitas hipóteses de finais felizes - até porque surge como resposta à brutalidade das forças israelitas, em parte eclipsada pela pompa e circunstância do Festival da Eurovisão em Telavive, há poucas semanas.
Com realização a cargo de Jessy Moussallem (que já tinha assinado "Roman"), o vídeo tem um efeito realista impressionante, tirando partido do recurso da câmara à mão e de um elenco convicto (sobretudo a jovem actriz com maior protagonismo). E deixa um retrato tão credível que até acaba por se sobrepor à música, embora esta mereça ser ouvida: inédito incluído na compilação "Beirut School", o tema é um dos que contaram com a produção de Joe Goddard, dos Hot Chip, e o britânico mostra saber adaptar-se à linguagem electroacústica dos libaneses.
Além do produtor, há a novidade do idioma, já que "CAVALRY" é a primeira canção dos MASHROU' LEILA com uma versão cantada em inglês, sem que a voz singular e expressiva de Hamed Sinno fique perdida na tradução do árabe.