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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Uma canção contra a opressão (e a ocupação)

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Para os MASHROU' LEILA, a cantiga continua a ser uma arma e o seu novo single é dos mais assumidamente politizados (o que não é dizer pouco, depois de concertos com uma vertente activista tão vincada). Reacção à opressão militar, "CAVALRY" é descrito pela banda libanesa como um relato sobre "a necessidade de travar uma luta, mesmo quando as probabilidades de vencer não estão do nosso lado, e de não deixar que a fadiga política destrua a nossa determinação de dizer a verdade ao poder".

Inspirado por histórias como a de Ahed Tamimi, adolescente paquistanesa detida por confrontar soldados israelitas que invadiram a sua casa, o videoclip é uma homenagem ao idealismo juvenil mas não parece deixar muitas hipóteses de finais felizes - até porque surge como resposta à brutalidade das forças israelitas, em parte eclipsada pela pompa e circunstância do Festival da Eurovisão em Telavive, há poucas semanas.

Com realização a cargo de Jessy Moussallem (que já tinha assinado "Roman"), o vídeo tem um efeito realista impressionante, tirando partido do recurso da câmara à mão e de um elenco convicto (sobretudo a jovem actriz com maior protagonismo). E deixa um retrato tão credível que até acaba por se sobrepor à música, embora esta mereça ser ouvida: inédito incluído na compilação "Beirut School", o tema é um dos que contaram com a produção de Joe Goddard, dos Hot Chip, e o britânico mostra saber adaptar-se à linguagem electroacústica dos libaneses.

Além do produtor, há a novidade do idioma, já que "CAVALRY" é a primeira canção dos MASHROU' LEILA com uma versão cantada em inglês, sem que a voz singular e expressiva de Hamed Sinno fique perdida na tradução do árabe.

Uma voz a descobrir já aqui ao lado

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Começou a criar canções na adolescência, ao piano, mas aos poucos deixou-se seduzir pelas possibilidades da pop electrónica, universo que a apresentou a nomes que vão dos Everything But The Girl aos Hot Chip, passando pelos Delorean. E foi entre o dinamismo rítmico da música de dança e ambientes contemplativos que CARLA Serrat se aventurou no primeiro álbum, "Night Thoughts", há três anos.

 

No segundo longa-duração, "Kill a Feeling", a editar esta semana (a 14 de Junho), a cantautora espanhola mantém-se entre a synth-pop e cenários que descreve como dream soul, pelo protagonismo vocal (embora em registo contido) que a sua voz tem nas composições. Mas também há mudanças: o maior peso de algumas influências, sobretudo da editora Italians Do It Better (casa dos Chromatics, Glass Candy ou Desire), e o papel proeminente do produtor, Àlex Ferrer, mais conhecido como Sidechains -  metade da dupla catalã The Requesters, que compõe com John Talabot.

 

Antes do lançamento, ficam duas canções para ir conhecendo um disco inspirado pelas tardes e (sobretudo) noites de Barcelona, numa faceta mais introspectiva do que efusiva: "WHERE DID THE KIDS GO" e "DISCOVER" (esta com direito a videoclip crepuscular abaixo), que reforçam o lugar de Little Boots ou Saint Etienne na lista de referências comparáveis.