Já falta pouco para podermos ouvir o sexto álbum de CHELSEA WOLFE. "Birth of Violence" chega na próxima semana, a 13 de Setembro, e promete estar nos antípodas do disco anterior da norte-americana, "Hiss Spun" (2017), no qual um rock gótico se deixava contaminar por ambientes do doom metal.
A nova colecção de canções, por outro lado, será predominantemente acústica e mais inspirada pela folk (ainda que de contornos inevitavelmente negros), e também aquela na qual a cantautora diz dar mais espaço à sua voz, até aqui muitas vezes diluída entre os instrumentos. Mas se "The Mother Road", "American Darkness" e "Be All Things", os primeiros temas revelados, confirmaram essa linha sonora contida, o avanço mais recente retoma o tom agreste e eléctrico à qual a sua autora é associada.
Ode ao poder da música e ao seu papel como porto de abrigo, "DERANGED FOR ROCK & ROLL" volta a deixar um prenúncio aliciante de um dos álbuns a aguardar na rentrée - e do novo passo de uma voz feminina que se tem dado bem com a companhia das guitarras nos últimos anos. O videoclip acompanha WOLFE enquanto canta num bar do interior norte-americano e lembra que um regresso a palcos portugueses não seria má notícia nos próximos tempos.
Longe vão os tempos em que GRIMES era um segredo bem guardado e partilhado através de rebuçados dream pop como "Vanessa" ou "Crystal Ball". Sete anos depois de "Visions", terceiro álbum e alavanca de uma maior projecção internacional, cada nova canção (ou até cada demo) do projecto de Claire Boucher é recebida e dissecada nas redes com uma expectativa que "Art Angels" (2015), ainda o álbum mais recente da canadiana, ajudou a reforçar (apesar do alinhamento desequilibrado).
Nem sempre é falada pelos melhores motivos: "We Appreciate Power", revelada em 2018, não escapou a várias alusões à relação da cantora com Ellon Musk. Mas era um single que mostrava que a música ainda contava mais do que as produções fotográficas ou os videoclips, ferramentas que se foram tornando mais decisivas neste percurso.
Menos musculado e sem descendência tão evidente da electrónica industrial, "VIOLENCE", a nova amostra do próximo disco, mantém a moldura sintética numa colaboração com o DJ e produtor i_o. É das canções mais directas de GRIMES, e uma forma eficaz de ir mantendo o compasso de espera até "Miss_Anthrop0cene" (prometido para este ano, mas o adiamento já vai longo). Quem quiser entrar no fim de semana pela pista de dança, pelo menos, não ficará mal servido com um single que sobrevive às primeiras audições e se vai tornando viciante. O videoclip dá o mote e sugere a coreografia:
É uma das revelações da pop brasileira e acabou de editar um álbum que ainda vai a tempo de se juntar à banda sonora deste Verão. Originário do interior de Pernambuco, ROMERO FERRO cresceu a ouvir conterrâneos como Cazuza, Lenine ou Rita Lee enquanto idolatrava estrelas internacionais, de Madonna aos Queen, passando por David Bowie - que aponta como uma das suas maiores referências.
No EP "Sangue e Som" (2013) e no álbum "Arsênico" (2016), o cantor e compositor movimentou-se entre heranças da MPB e alguma soul, disco e rock, mas o recém-editado "FERRO" propõe uma viragem sonora que tanto deve às canções populares românticas do Recife como aos ritmos da new wave.
Desta mistura saiu um álbum que o brasileiro define como brega wave, naquele que considera o seu registo mais directo e tropical. O alinhamento até inclui uma versão de "Você Vai Ver", da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, mas é especialmente convincente em "FAKE", candidata a hino viral enquanto retrata o narcisismo em rede, ou nos sintetizadores irresistíveis da dançável "Cansei de Você".
Produzido por Leo D., teclista dos Mundo Livre/SA, e Benke Ferraz, guitarrista dos Boogarins, o disco junta a voz de Ferro à de Otto, Duda Beat, Mel (da Banda Uó) e Hiran. Os dois últimos participam em "TOLERÂNCIA ZERO", a nova aposta promocional e uma das canções reveladoras da faceta mais politizada do seu autor nesta nova fase.
Manifesto contra a homofobia, o tema surge acompanhado de um lyric video com imagens de arquivos públicos (norte-americanos, africanos e brasileiros) de militância LGBTQIA+. "Imagens de amor, de luta e afecto da nossa comunidade LGBTQIA+. Pra mostrar como todo o nosso amor é tão amor quanto qualquer forma de amor", defende.
Além de "TOLERÂNCIA ZERO", fica aqui o videoclip de um dos primeiros singles do disco (e talvez o tema mais popular até agora), "ACABAR A BRINCADEIRA", e também o de "O MEDO EM MOVIMENTO", um dos melhores momentos do álbum de estreia: