Esta festa serve-se crua
É, desde já, um dos grandes lançamentos de 2020: "Raw Like Sushi" (1989), o primeiro álbum de NENEH CHERRY, vai ser reeditado numa versão remasterizada para celebrar os seus 30 anos. Demos, remisturas, um booklet de 48 páginas e fotos inéditas estão entre os extras que serão conhecidos a 31 de Janeiro, mas a festa vai continuar numa digressão centrada no disco.
Portugal não fica de fora das comemorações e recebe a sueca no Verão, no EDP Cool Jazz, depois de já a ter acolhido este ano no NOS Primavera Sound, no Porto (no seu primeiro concerto em nome próprio por cá). Se um regresso da voz de "Buffalo Stance" já seria por si só imperdível, o facto de revisitar o alinhamento do registo de estreia é um grande valor acrescentado, até porque essas canções tiveram pouco espaço nos espectáculos dos últimos anos (quase inteiramente dedicadas a "Broken Politics", o álbum mais recente).
Ao unir hip-hop, R&B, soul, funk ou jazz, "Raw Like Sushi" fez da fusão de géneros uma bandeira que a década seguinte levaria mais longe em novos territórios como o trip-hop, para o qual NENEH CHERRY também abriu caminho (basta recordar "Manchild", produzido por Robert Del Naja, dos Massive Attack, antes da estreia discográfica do trio de Bristol). E a crueza do título do disco foi levada à letra por uma atitude inconformada e declaradamente feminista, anos antes de o girl power ser tendência da indústria, com um impacto não terá sido acidental nos percursos de gente como Missy Elliot, Kelis, M.I.A., Robyn ou FKA Twigs.
Um dos melhores exemplos dessa postura sem papas na lígua continua a ser "INNA CITY MAMMA", que teve direito a recuperação, esta semana, com a estreia do videoclip na conta oficial da cantora no Youtube. Para quem não o viu na MTV há décadas, pode ser mesmo uma estreia absoluta (embora o vídeo já estivesse disponível na rede numa versão de qualidade inferior). E até Julho ainda há tempo para ir ensaiando estas coreografias: