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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Sem tempo para correr

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Novo disco de MAYA JANE COLES? Boa notícia para quem encontrou no já distante "Comfort" (2013) um encontro sedutor de house, pop ou trip-hop, estreia à qual se seguiu o mais ambicioso "Take Flight" (2017), álbum duplo e nem sempre tão adepto do formato canção. Mas a britânica de ascendência japonesa não esteve parada entretanto: além do percurso como DJ, editou EPs e remisturas em nome próprio e assumiu outras identidades nos projectos Nocturnal Sunshine (mais virado para o dub e dubstep) e Cyam (guiado pelo techno).

"Night Creature", agendado para 29 de Outubro, marca o regresso à casa de partida - que é como quem diz, à deep house - e começou a revelar-se com três instrumentais apontados às pistas - a faixa-título, "Need" e a particularmente eficaz "Survival Mode". Mas é o novo single, "RUN TO YOU", que retoma a sensibilidade pop de "Comfort" sem deixar de apelar ao corpo, numa colaboração com a conterrânea Claudia Kane, voz emergente da electrónica londrina.

Directa, elegante e dramática q.b., é uma canção que não destoaria na banda sonora das missões de James Bond, caso as apostas mais recentes para a saga de 007 acelerassem as BPM. Em vez disso, acompanha outra história de espionagem, em ambiente feminino, queer e underground, num videoclip em tom de thriller e com continuação garantida no próximo.

Entre as convidadas da comunidade LGBTQIA+ londrina destaca-se Skin, dos Skunk Anansie (saudades de "Estranhos Prazeres"?), que também tem participação assegurada no segundo capítulo deste relato onde parar é morrer:

Magia ao luar

Magic Wands.jpeg

Editado no final de 2020, "Illuminate", o quarto álbum dos MAGIC WANDS, passou a leste das atenções mas foi talvez o mais conseguido dos norte-americanos desde o primeiro, o irresistível "Aloha Moon" (2012).

Mais uma vez motivada pela conjugação de magia, amor e sonhos em molde dream pop/pós-punk, a banda voltou a fazer a ponte entre o legado de uns Jesus and Mary Chain e as aventuras sonoras de colegas de geração, dos The xx (que já os remisturaram em tempos) aos Raveonettes, com um fulgor que se tinha esbatido em alguns momentos dos registos anteriores.

Apesar de não faltarem canções com potencial de single no disco, a ideia parece ser já continuar a seguir em frente em vez de olhar para trás. É o que sugere "WASH THE TEARS AWAY", um inédito que vinca a boa colheita recente através de um apelo escapista e dançável, criado durante o confinamento. Ode aos encantos e possibilidades da noite, chega com um videoclip filmado em Los Angeles, numa altura em que se tinha tornado uma cidade-fantasma.

Mas esta não é a única novidade: o grupo também revelou uma versão (inesperada) de "LAND OF DREAMS", de Aretha Franklin, tão ou mais imersa na atmosfera nocturna de uns certos anos 80 (os da banda sonora de "Os Rapazes da Noite", de Joel Schumacher, por exemplo). Ainda vai havendo alguma magia no território mais do que repisado da new wave...

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