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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Num filme sempre synth-pop

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A música dos BOY HARSHER já tinha sugestões cinematográficas desde as primeiras canções e do EP de estreia da dupla, "Lesser Man" (2015). Os dois álbuns, "Yr Body Is Nothing" (2016) e "Careful" (2019), sublinharam a aproximação à sétima arte com uma darkwave insinuante que não destoaria nos títulos mais sombrios de David Lynch (um "Estrada Perdida" de 2021 passaria eventualmente por esta rota). E videoclips como os de "Send Me a Vision" e da remistura de "Your Body Changes Everything", de Perfume Genius, tiveram inspiração assumida em clássicos de culto de Wim Wenders e David Cronenberg, respectivamente.

Ainda assim, a nova aventura dos norte-americanos marca a entrada a sério nesse universo. "The Runner", o próximo disco do projecto de Augustus Muller e Jae Matthews, é também a banda sonora de um filme criado pelo duo e estão ambos agendados para Janeiro de 2022. O cartaz, com ténis brancos ensaguentados, deixa sugestões de terror reforçadas pelo ponto de partida: uma mulher que corre na floresta de uma pequena cidade e se deixa dominar pelas suas compulsões.

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"TOWER", o tema de abertura do alinhamento, é a primeira amostra e retoma os ambientes sorumbáticos da banda, mais uma vez a partir de sintetizadores claustrofóbicos e da voz sussurrante de Matthews. A explosão dos últimos segundos, com a entrada em cena de gritos e elementos percussivos, gera um efeito particularmente vibrante e deixa aqui um belo teaser para mais música e imagens a caminho - desta vez, juntas logo à nascença:

Há por aí uma nova voz (do fado?) a merecer atenção

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É uma das revelações nacionais de 2021: embora já tivesse apresentado alguns temas em anos anteriores, RITA VIAN editou o EP de estreia este Verão e tem despertado atenções merecidas em torno da sua voz e dos ambientes pelos quais se move.

Produzido por Branko, "CAOS'A" traz cinco novas canções ao universo em formação de uma autora com um currículo considerável e diverso - passou por um concurso televisivo de talentos, fez parte dos Beautify Junkyards e colaborou com Mike el Nite ou DJ Glue. A experiência musical inclui também passagens pelo Hot Clube de Portugal e pela Escola Metropolitana de Lisboa, aulas de piano e um contacto próximo com o fado e o hip-hop desde a infância e a adolescência, respectivamente.

Não admira, por isso, que estas primeiras canções tenham tanto de uma melancolia muito portuguesa como da fluidez da poesia das ruas, a vincar uma união de mundos que dialogam mais do que contrastam.

Num mês marcado pelo regresso aos palcos - há concertos de apresentação do EP no Teatro Aveirense, dia 21, e no Teatro Tivoli, em Lisboa, dia 26 -, "HPA" tem honras de nova aposta oficial e é talvez o melhor cartão de visita de "CAOS'A" (e das melhores canções nacionais do ano, aliás). Além do tom meditativo da voz, a acompanhar um mergulho interior sobre escolhas e possibilidades, e da electrónica discretamente dançável, conta agora com um videoclip a integrar também a pintura e a dar corpo(s) à dança: