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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

A fúria do açúcar

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Os SUNFLOWER BEAN encaminham-se para o terceiro álbum com a sucessão de singles mais proveitosa da sua discografia. Depois do EP "King of the Dudes" (2019), os nova-iorquinos revelaram a veraneante "Moment in the Sun" (que não fará parte do novo disco mas está na banda sonora de "Heartstopper", uma das novas séries recomendáveis da Netflix), moldaram-se aos girl groups dos anos 60 em "Baby Don't Cry", equacionaram um cruzamento entre as Haim e os Cocteau Twins no psicadelismo de "Who Put You Up to This?" e reforçaram as harmonias vocais na indie pop arejada de "I Don't Have Control Sometimes".

Pelo meio chegou também "ROLL THE DICE", a jóia da coroa até agora e o tema que mais se coaduna com o balanço entre capitalismo, hedonismo e incerteza que inspirou as canções de "Headful of Sugar", um dos álbuns a aguardar em Maio - está agendado para dia 6.

"Nothing in this life is really free", cantam Julia Cumming e Nick Kivlen num dos grandes singles do ano, flamejante e portentoso, com potencial para ser um furacão em palco. Não que não o seja já na versão gravada, um exemplo de rock tão incisivo como orelhudo, com disputas entre riffs, baixo, percussão e elementos electrónicos. "I just wanna win", repetem a vocalista e o guitarrista que aqui partilha o protagonismo vocal. E parecem ter encontrado uma fórmula vencedora às portas do terceiro longa-duração:

Uma banda com formação revista e editada

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Os tempos mudam, algumas bandas também, e por isso dificilmente alguém confundirá os EDITORS de 2022 com clones não assumidos dos Interpol, como criticavam muitos detractores do grupo de Birmingham há quase 20 anos (é verdade, "The Back Room", o álbum de estreia dos britânicos, faz parte da colheita de 2005).

"HEART ATTACK", o novo single, não abandona por completo a herança pós-punk inegável nesta discografia mas é bem mais espacial e expansivo do que as canções que ajudaram a fazer a fama de Tom Smith e companhia. E em boa parte essa diferença deve-se à mão do novo elemento do grupo, Benjamin John Power, mais conhecido como Blanck Mass e metade dos saudosos Fuck Buttons. O autor de "Dumb Flesh" (2015), um dos grandes álbuns da década passada, já tinha sido produtor de "Violence" (2018), ainda o mais recente disco do grupo, e agora reforça a cumplicidade ao ser oficialmente parte da formação.

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Se este novo caminho pode complicar a vida a quem continua à espera do regresso dos Fuck Buttons (que não dão notícias desde a participação em "Electronica 1: The Time Machine", de Jean-Michel Jarre, em 2015), também pode conduzir às melhores canções dos EDITORS em anos, ou pelo menos às mais surpreendentes.

É o caso da nova, com mais força do que muito do que se ouviu no último disco graças ao cruzamento poderoso de sintetizadores cintilantes (marca reconhecível de Power), percussão vincada e a voz de Smith, entregue ao que descreve como uma canção de amor mórbida e obsessiva. As texturas nebulosas também dominam o videoclip, com uma animação do artista visual Felix Geen a reforçar o voto de confiança nesta parceria:

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