Quem canta, seus males espanta. E se também dançar, talvez espante ainda mais. Foi esse o mote para o videoclip de "BECOME THE LIES", o novo single de THE SOFT MOON, canção catártica nascida depois de Luis Vasquez ter sido obrigado a confrontar-se com segredos familiares angustiantes.
O norte-americano de ascendência afro-cubana partilhou nas suas plataformas virtuais que atravessou uma crise de identidade devido a essas revelações enquanto criava o próximo álbum, "Exister", agendado para 23 de Setembro, e acrescenta que encontrou na dança a forma de escapismo possível.
Mantendo-se imparável, tanto no quarto como numa igreja, no vídeo dirigido por Wiggy & Nick Blanco, o cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista oferece uma hipótese de coreografia para um tema que vem aumentar a expectativa para o sucessor de "Criminal" (2018).
Se o single de avanço, "Him", já prometia, o mais recente ganha lugar entre as suas canções mais viciantes e vertiginosas, mérito de uma conjugação tremenda de percussão, sintetizadores e guitarras aliada a uma voz num registo mais agudo do que o habitual. E deve soar ainda melhor no regresso do californiano a palcos portugueses, a 12 de Outubro, no LAV - Lisboa ao Vivo, quatro anos depois de um concerto memorável no RCA Club, também na capital.
Antes de ser o alter ego musical de Maryam Qudus, SPACEMOTH era o título de uma canção dos Stereolab e a influência da banda anglo-francesa na música da artista norte-americana (de ascendência afegã) não se fica por aí. A cantora e compositora californiana tornou-se uma das revelações dos últimos meses através de uma indietronica que também partilha afinidades com uns Broadcast, Solex ou Ladytron (dos primeiros dias), entre sintetizadores vintage, um novelo elaborado de loops e uma atenção minuciosa às texturas.
A precisão sonora explica-se pelo caminho considerável que Qudus já fez enquanto produtora e engenheira de som, com colaborações em discos dos Tune-Yards, Toro y Moi ou Sasami. Mas agora chegou a altura de assinar o seu próprio álbum, "No Past No Future", um dos lançamentos desta semana. Agendado para sexta-feira, dia 22 de Julho, é uma aposta da Wax Nine, a editora de Sadie Dupuis, vocalista dos Speedy Ortiz e mentora do projecto Sad13.
Juntando reflexões em torno da rotina, da nostalgia, da ansiedade ou do niilismo, o alinhamento dá a conhecer uma intérprete e escritora de canções que também se destaca como uma mulher dos sete instrumentos, ou algo muito perto disso: toca guitarra, baixo, auto-harpa, teclados e assegura as programações, com resultados muito convincentes nos temas que foi divulgando este ano.
"Pipe and Pistol", "This Shit" e "Round In Loops" lembram alguma música para uma imensa minoria nascida em finais dos anos 90, em regime sintético lo-fi, mas o single que leva a taça para já é, curiosamente, o que mais se afasta dessa vertente: "WAVES COME CRASHING", uma bela confecção pop que troca o minimalismo pela grandiosidade (psicadélica q.b.) e um registo vocal lacónico por um dramatismo inesperado, a pedir continuação noutros episódios do álbum.