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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Boas ideias para um novo disco

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"The Line Is a Curve" foi não só um dos álbuns mais conseguidos de KAE TEMPEST como um dos discos a reter do ano passado, graças a uma aliança de música e palavra especialmente afiada e eloquente. E se por enquanto ainda não há outro longa-duração à vista, já foi anunciado um novo EP para breve.

"NICE IDEIA" tem edição prevista para o Record Store Day, a 22 de Abril, e conta com o tema homónimo como primeiro avanço. Produzido por Dan Carey (nome que tem colaborado em alguma da música britânica mais estimulante do momento, dos PVA aos Fontaines D.C.), dá continuidade à curiosidade rítmica que TEMPEST tem reforçado nos últimos registos.

O hip-hop mantém-se entre os pontos de partida de uma obra sempre assente no spoken word, mas este caminho parece abrir-se cada vez mais a outras linguagens. Desta vez, o drum and bass sobressai como género de eleição de uma crónica menos tensa do que alguns dos grandes momentos de "The Line Is a Curve", embora não menos interessante. O que acaba por ser natural quando traduz uma voz mais preocupada em partilhar o dia (e a cama) com a cara-metade do que em carregar inquietações contemporâneas nos ombos pela enésima vez.

Descomprimir antes de voltar a (re)agir pode ser boa ideia, tanto num momento caseiro a dois como num passeio pelos subúrbios do sul de Londres como o do videoclip, captado pelo amigo de longa data Kwake Bass:

A idade é uma questão de óptica

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Mais de 30 anos depois dos primeiros singles e com duas separações (e duas reuniões) pelo meio, os ORBITAL chegam finalmente ao décimo álbum.

"OPTICAL DELUSION", um dos discos da semana, é editado esta sexta-feira, 17 de Fevereiro, e prova que os irmãos Phil e Paul Hartnoll não querem limitar-se a celebrar um percurso determinante na música de dança, recentemente revisitado (e remisturado e reimaginado) na compilação "30 Something" (2022).

Em vez de se focarem no passado, os britânicos mostram-se atentos ao presente e a quem nele desenha possibilidades de futuro, pelo menos a julgar pelos convidados avançados no alinhamento e nos primeiros singles.

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Os Sleaford Mods dão voz à sua inquietação habitual, sem meias palavras, em "DIRTY RAT", retrato aguerrido da tensão e corrupção pós-Brexit em linha com outra ponte entre veteranos e nomes recentes: a dos conterrâneos Leftfield com Grian Chatten, dos Fontaines D.C..

"RINGA RINGA (THE OLD PANDEMIC FOLK SONG)", ao lado dos Mediæval Bæbes, inspira-se na experiência do confinamento mas não anda longe do transe aural ainda que dançável de uns certos anos 90 - aqueles em que a dupla convidou uma então desconhecida Alison Goldfrapp, por exemplo, e o videoclip nem destoaria nas saudosas madrugadas Chill Out Zone da MTV.

O single mais promissor, no entanto, é o mais recente: "ARE YOU ALIVE?", belo acesso de indietronica delicada partilhado com os Penelope Isles, a ganhar especial encanto na versão mais longa, de quase oito minutos (e a lembrar que para os Hartnoll, a duração muitas vezes longa das canções foi sempre mais um desafio do que um entrave).

Anna B Savage, Dina Ipavic, The Little Pest e Coppe também se juntam ao sucessor de "Monsters Exist" (2018), registo que, apesar de interessante, não mantinha a coesão de "Wonky" (2012), álbum que assinalou o primeiro regresso do duo. De qualquer forma, novos passos de uma terceira vida como esta são sempre boas notícias: